segunda-feira, 17 de julho de 2017

MODERAÇÃO VS EXTREMISMO

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Montesquieu achava que o ser humano vive melhor com a moderação que com os extremos. Há quem discorde, como acontece sempre em tudo.
A moderação é um balanço complexo, semelhante ao caminhar no arame. O aramista precisa de muito para não cair: aptidão, treino, paciência, determinação, visão, coragem, arte, intuição e, provavelmente, mais ainda. Não pode voltar para trás, nem ficar parado. Caminhar sempre em frente é a única escolha o que exige visão clara do fim do caminho, dando atenção a cada passo e sabendo que um erro pode ser fatal.
Um político hábil é como o funâmbulo. Necessita de equilíbrio, deve ser prudente, atento e pronto a reagir, ter boa intuição e sentido de orientação. Carece de coragem para nadar contra a corrente quando necessário e deve estar aberto a ouvir "o outro lado" sobre qualquer questão controversa. O oposto disto é a pessoa que sabe as respostas mesmo antes de as perguntas serem feitas, alguém não interessado em ouvir e que divide o mundo em bons e maus, amigos e inimigos.Temos muitos exemplos destes espíritos no nosso tempo, tempo de falta de moderação. Esta pode ser o credo que mantém o diálogo, um dos valores básicos de uma sociedade moderna.
Vem a prosa aqui vertida — inspirada num ensaio de Aurelian Craiutu, da Universidade de Indiana e publicada no AEON — a propósito dum episódio de que os jornais falam hoje: os comentários que o candidato do PSD-CDS à Câmara de Loures terá feito a respeito da população de etnia cigana naquele Concelho. Caiu o Carmo e a Trindade sobre o homem pelo que disse; quanto a mim, coisas reveladoras de extrema moderação. No caso, se há falta de moderação, ela está do lado dos que o atacam e acusam de racismo, reaccionarismo, xenofobia, rebabá. Tais ataques é que configuram, claramente, manifestações de extremismo, sob a forma de cegueira para o que é uma realidade, e uso e abuso de chavões sociais irrealistas para agredir o senso comum e insultar um cidadão.

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