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O cidadão está a ver o programa do Rui Santos na
televisão e, de repente, pensa numa coisa qualquer para fazer na cozinha.
Levanta-se e avança para lá, embora não esteja bem isso porque o Rui Santos
deve ser respeitado. Qual castigo, quando chega não se lembra o que ia fazer.
Preocupante? Manifestação de senilidade? Nem uma coisa nem outra. Voilá: às
vezes há boas notícias!
A este respeito recorde-se que temos dois tipos de
memória, talvez mais, mas neste momento interessam duas: a memória de trabalho
e a memória de longa duração. A primeira, agora entre mãos, é a que usamos nas
actividades do dia a dia, como essa de ir à cozinha fazer uma burrice, ou
similar. Pois a memória de trabalho tem capacidade limitada. Não é só a sua; é
a de toda a gente. O psicólogo de Princeton, George Miller, dizia que a memória
de trabalho era capaz de digerir sete peças de informação simultaneamente; mas
parece que Miller era um optimista: dizem os investigadores actuais da Neuro-Ciência
que serão apenas três, eventualmente quatro, se as coisas estiverem a correr
bem.
Por outro lado, a quantidade de informação a entrar simultaneamente
na nossa “tola” chama-se carga cognitiva.
Se estamos a ver o Benfica, a carga cognitiva chega quase ao infinito com o
virtuosismo do Aimar e os penteados de Jesus e Yannick Djaló (quando joga!).
Para as mentes funcionarem capazmente, a carga cognitiva não pode exceder a capacidade
da tal memória de trabalho. Quando excede, acontecem episódios como o da ida à
cozinha.
Ter conhecimento disto é importante no dia a dia - usar
métodos conscientes de limitação da carga cognitiva em cada momento pode
melhorar muito a nossa prestação. É, parece-me um caso de importância semelhante
ao referido neste espaço há dias atrás, o controlo do spotlight. Portanto,
quando estiver a ouvir o Rui Santos, concentre-se no homem e mais nada. Caso contrário
dá bota.
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