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O homem, com um cérebro de 1.200 cm3, desenvolveu
capacidades notáveis, verbi gratia a linguagem falada e escrita e outras coisas
fascinantes. De tal modo que teve exemplares como Aristóteles, Platão, Newton e
Einstein. Devemos o nosso desenvolvimento a esses exemplares? Também, mas talvez
não maioritariamente.
Em 1958, Leonard Read publicou um texto clássico, o
ensaio intitulado “I Pencil”, narração feita na primeira pessoa, sendo o
narrador um lápis. Nele descreve a sua criação e como chega ao utilizador. Fala
dos materiais usados - madeira, cola, grafite, cera, etc. - e das pessoas envolvidas
no fabrico e distribuição, desde o empregado de limpeza da fábrica, até ao
faroleiro que permite a chegada do navio de transporte ao destino onde é
utilizado. Tudo sem que haja alguém a coordenar uma tão imensa actividade; e
também sem planeamento de qualquer espécie. É curioso o ponto de vista do autor. O escrito de Read foi re-editado em 1998, com uma introdução pelo
Nobel da Economia Friedman e foi citado
ene vezes na mais importante literatura económica, sociológica, filosófica e
por aí fora.
O trabalho de Read põe o dedo na matéria com que comecei
este post. Parte dos aspectos que a
nossa civilização tem de positivo deve-se à inspiração e ao trabalho individual
de personalidades ilustres, é verdade. Mas sem o que chamaremos inteligência
colectiva, ou iniciativa, inspiração, ou determinação colectivas, não haveria
avanço civilizacional algum, eventualmente nem civilização. Isso nos distingue
do resto do reino animal. Temos sabedoria colectiva inata para trabalhar em
conjunto, colaborar e complementar. O
homem de Neanderthal também tinha uma caixa craniana de 1.200 cm3 e foi-se.
Estava equipado com um grande cérebro mas, provavelmente, não passava de um
macaco incapaz de se organizar.
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