terça-feira, 1 de maio de 2012

EU, LÁPIS

.
O homem, com um cérebro de 1.200 cm3, desenvolveu capacidades notáveis, verbi gratia a linguagem falada e escrita e outras coisas fascinantes. De tal modo que teve exemplares como Aristóteles, Platão, Newton e Einstein. Devemos o nosso desenvolvimento a esses exemplares? Também, mas talvez não maioritariamente.
Em 1958, Leonard Read publicou um texto clássico, o ensaio intitulado “I Pencil”, narração feita na primeira pessoa, sendo o narrador um lápis. Nele descreve a sua criação e como chega ao utilizador. Fala dos materiais usados - madeira, cola, grafite, cera, etc. - e das pessoas envolvidas no fabrico e distribuição, desde o empregado de limpeza da fábrica, até ao faroleiro que permite a chegada do navio de transporte ao destino onde é utilizado. Tudo sem que haja alguém a coordenar uma tão imensa actividade; e também sem planeamento de qualquer espécie. É curioso o ponto de vista do autor. O escrito de Read foi re-editado em 1998, com uma introdução pelo Nobel da Economia Friedman e foi  citado ene vezes na mais importante literatura económica, sociológica, filosófica e por aí fora.
O trabalho de Read põe o dedo na matéria com que comecei este post. Parte dos aspectos  que a nossa civilização tem de positivo deve-se à inspiração e ao trabalho individual de personalidades ilustres, é verdade. Mas sem o que chamaremos inteligência colectiva, ou iniciativa, inspiração, ou determinação colectivas, não haveria avanço civilizacional algum, eventualmente nem civilização. Isso nos distingue do resto do reino animal. Temos sabedoria colectiva inata para trabalhar em conjunto, colaborar e complementar.  O homem de Neanderthal também tinha uma caixa craniana de 1.200 cm3 e foi-se. Estava equipado com um grande cérebro mas, provavelmente, não passava de um macaco incapaz de se organizar.
..

Sem comentários:

Enviar um comentário