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Literacia é a capacidade de ler e compreender o que se lê,
e também de exprimir ideias oralmente e por escrito com clareza e rigor. Foi
durante séculos o garante do sucesso dos povos e da cultura no sentido sociológico. Gente analfabeta,
ou alfabetizada mas com iliteracia, não faz andar o carro do progresso.
Com o desenvolvimento da inovação tecnológica e suas
consequências na sociedade, o âmbito da iliteracia ampliou-se e surgiu novo
tipo de iliteratos: os que não conseguem compreender as incertezas modernas,
traduzidas num sem número de armadilhas sociais de que vivemos rodeados.
Armadilhas que conduzem ao sobre-endividamento, aos contratos de compra de bens
inúteis, aos seguros de saúde totalmente inseguros, às aplicações financeiras
ruinosas, à assumpção de compromissos para uma vida sem retorno, ao simples e popular
conto do vigário. Chamam os psicólogos e sociólogos a isso iliteracia do risco.
A resposta a muitos aspectos da crise actual não pode depender apenas de mais
leis, mais burocracia, mais polícia, mais justiça, e essas coisas com que tentam
conter a água que jorra em cascata. A situação só tem remédio com mais
literacia do risco, uma vez que essa coisa supostamente congénita chamada bom senso
escasseia.
Todos os anos se pagam fortunas a agências financeiras
que aconselham os investidores e todos os anos se verifica que as suas
previsões têm a mesma probabilidade de acertar que os meros palpites. A fórmulade Black-Sholes, de que falávamos há dias, está aí para o provar. O problema é haver
fórmulas de Black-Scholes em todos os lados para que nos viramos.
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quarta-feira, 2 de maio de 2012
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