quarta-feira, 2 de maio de 2012

LITERACIA DO RISCO

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Literacia é a capacidade de ler e compreender o que se lê, e também de exprimir ideias oralmente e por escrito com clareza e rigor. Foi durante séculos o garante do sucesso dos povos  e da cultura no sentido sociológico. Gente analfabeta, ou alfabetizada mas com iliteracia, não faz andar o carro do progresso.
Com o desenvolvimento da inovação tecnológica e suas consequências na sociedade, o âmbito da iliteracia ampliou-se e surgiu novo tipo de iliteratos: os que não conseguem compreender as incertezas modernas, traduzidas num sem número de armadilhas sociais de que vivemos rodeados. Armadilhas que conduzem ao sobre-endividamento, aos contratos de compra de bens inúteis, aos seguros de saúde totalmente inseguros, às aplicações financeiras ruinosas, à assumpção de compromissos para uma vida sem retorno, ao simples e popular conto do vigário. Chamam os psicólogos e sociólogos a isso iliteracia do risco. A resposta a muitos aspectos da crise actual não pode depender apenas de mais leis, mais burocracia, mais polícia,  mais justiça, e essas coisas com que tentam conter a água que jorra em cascata. A situação só tem remédio com mais literacia do risco, uma vez que essa coisa supostamente congénita chamada bom senso escasseia.
Todos os anos se pagam fortunas a agências financeiras que aconselham os investidores e todos os anos se verifica que as suas previsões têm a mesma probabilidade de acertar que os meros palpites. A fórmulade Black-Sholes, de que falávamos há dias,  está aí para o provar. O problema é haver fórmulas de Black-Scholes em todos os lados para que nos viramos.
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