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O Holoceno, era geológica
da Terra que começou há cerca de 11.500 anos e inclui o presente, é um pestanejo do tempo geológico. Durante esse período, as placas tectónicas afastaram os continentes
menos de um quilómetro, distância percorrida a pé em 10 minutos ou menos; a temperatura,
relativamente elevada, teve variações pouco relevantes; o nível da água do
oceanos subiu à volta de 35 metros em consequência do degelo; e as elevações do
Norte do globo cresceram quase 200 metros ao libertarem-se do peso do gelo.
O que verdadeiramente
mudou no Holoceno foi o homem. A população seria inicialmente entre 1 e 10
milhões de almas e assim se manteve até há 5 mil anos, quando começou a
revolução da agricultura. O homem transformou o ambiente mais ou menos hostil
da Terra num ninho e tudo ficou diferente.
Os estratos geológicos do
planeta têm hoje a estranha característica da presença dos produtos químicos que
usamos, do lixo industrial que produzimos, do pólen das nossas culturas agrícolas
e a ausência de muitas espécies que conduzimos à extinção. É o que se pode
chamar pegada humana do Holoceno—pegada de tal modo funda que se propõe chamar-lhe
Antropoceno. Na verdade, nada caracteriza melhor a era que a marca da nossa bota.
Até há pouco, havia natureza e
Homo sapiens. Tal dualidade acabou—kaput! Agora, há uma entidade, ainda sem nome
(que eu saiba), constituída pelo conjunto homem/natureza. O problema actual não
é a conservação da natureza, mas antes como preservar a saúde do conjunto que é
irreversível. A Ecologia não pode ser a defensora dedicada da natureza. Tem de
assumir a missão de limitar de forma inteligente os danos gerados pela
interacção de dois protagonistas inseparáveis. Se fugir de tal orientação, anda a malhar em ferro frio.
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