quarta-feira, 25 de março de 2015

UMA HISTÓRIA DE TERNURA

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Leio que o Zezito terá sido ouvido nas conversas telefónicas com o amigo de peito fazendo uso de linguagem cifrada, como "fotocópias" para se referir a notas de banco, "livros de dossiê" para exemplares da trampa que publicou e comprou aos milhares, e "um bocadinho daquilo que gosto muito" para falar de dinheiro. Não é uma ternura? Eu encontro que sim—chega a ser comovente.
Zezito, desde tenra idade—pelo menos desde quando era responsável pela "brigada do asfalto" no Município da Covilhã—tem uma paixão: falar ao telefone. Já nessa altura o pessoal da Câmara foi proibido de usar os telefones da instituição porque a conta nos CTT ascendia a valores só comparáveis ao investido nas PPP pelos XVII e XVIII Governos Constitucionais—o Zezito passava o dia ao telefone. Como Primeiro-Ministro e portador de telemóvel pago pelo erário público, imagine-se o que seria: falava até a voz lhe doer. Diz o povo que pela boca morre o peixe. No caso vertente, morreu pelo telemóvel. A dependência telefonófila de Zezito foi mais fatal que droga dura.
Mas do que queria mesmo falar é da expressão usada para se referir ao dinheiro: "um bocadinho daquilo que gosto muito". Comovente, qual criança a pedir maminha. O Zezito não abria muito a boca—só queria "um bocadinho"; o suficiente para viver modestamente em Paris, no 16e arrondissement, e comprar uns trapinhos no 420 de Rodeo Drive, em Beverly Hills. Está bem! Quem leva a mal?
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