A violência é um fenómeno transversal observado praticamente em todos os seres vivos. O lobo é violento com a ovelha porque precisa de se alimentar; o touro é violento com outros touros para assegurar o direito à procriação; a bactéria é violenta com o animal ou planta que infecta para poder viver; o fungo é violento com o mamífero em que se instala porque é parasita obrigatório e por aí fora. A violência está instalada nos reinos vivos da Terra como fenómeno inevitável, indispensável à sua existência e, mais preocupante que tudo, pré-programada. Não sabemos se existe vida alienígena mas, mesmo existindo, é provável poder considerar-se o acto violento como parte do plano do universo—circunstância no mínimo inesperada, se não mesmo inquietante.
O homem, com consciência da violência, pratica-a
diariamente. O que dá para pensar é o facto de, sendo o único ser vivo com tal
consciência, ser também o único que a usa desnecessariamente. A violência
humana à margem da necessidade de sobrevivência decorrerá dessa mesma consciência—fonte
da avidez de poder, de bens materiais, de espaço e por aí adiante.
O limite entre a violência exigida pela conservação da
espécie e a violência vitalmente gratuita é difícil de marcar, mas existe. A
única forma conhecida de fazer respeitar tal limite é a educação. Falível! Muito falível! Também
aqui o plano do universo é fraquinho. Matéria boa para reflectir em noites de
insónia.
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