Não há situação social e política que não seja complicada,
passível de abordagem de ângulos diferentes, difícil de descrever em meia dúzia
de linhas, ou sujeita a críticas de falta de isenção e independência. É
verdade. Mas casos há em que os factos falam
por si. Um deles é o da Venezuela, do "Socialismo
Bolivariano".
A inflacção prevista para este ano é de 200% e o País
caminha para o incumprimento das obrigações da dívida. Se o preço
do petróleo continuar como está—e prevê-se que assim seja—dentro de 12 meses, a
Venezuela ou não paga os juros (4,84 mil milhões), ou não dá de comer ao povo. Este
ano, o valor do défice do orçamento terá dois algarismos e a economia vai sofrer
uma contracção de 7%.
Segundo estudo conjunto das universidades "Simon
Bolivar", "Central da Venezuela" e "Católica de Caracas",
já antes da queda do preço do petróleo o País tinha recuado até aos níveis de
pobreza e miséria de 1998—início do chavismo.
No comércio, em cada dez produtos procurados, seis não
existem, o que criou dois novos tipos de posto de trabalho: os que vivem de guardar
lugar nas bichas dos supermercados para depois o vender a quem não tem tempo
para passar lá horas; e os que revendem comida nos bairros pobres, com lucro de
150% e mais.
Tudo isto é "temperado" com detenções
arbitrárias e tortura dos opositores ao regime; negação de papel à imprensa
hostil; não renovação das licenças da
rádio e de televisão e por aí fora—um "fassismo"!
Se perguntarem aos syrízicos portugueses notícias daquele país, o vento cala a desgraça, o vento nada lhes
diz—há muita gente distraída.
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