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Sabia que há quem coleccione
garrafas que dão à costa com mensagens no interior? Tais achados não são tão
raros como pensa, sendo muito mais frequentes actualmente que no tempo dos
mapas das ilhas do tesouro. Hoje, os mapas do tesouro não dão à costa—brotam de
gabinetes respeitáveis e "insuspeitos".
Tais garrafas vêm
predominantemente de navios de cruzeiro—moda recente—e contêm mensagens escritas
depois de esvaziar a garrafa, o que torna frequentemente difícil decifrar a prosa.
A "chapa" habitual é: Sou fulano, estou a viajar no navio XPTO
e o meu endereço de email é rebabá.
Agradeço a quem encontre esta garrafa que me contacte e diga onde ela deu à
costa.
A prática da busca destas
garrafas tem uma ciência complicada por trás porque 90% delas vão parar a 10% das
costas do planeta. Por isso só nalguns países a colheita é razoável. A costa
deve estar orientada perpendicularmente ao sentido da corrente oceânica
dominante no local, exigência que diminui muito o número de áreas produtivas, e
mesmo aí há locais melhores que outros. Um bom sítio é como um bom pesqueiro que
não deve ser revelado a ninguém.
Os objectos a "navegar"
nos oceanos têm tendência para se agrupar segundo a flutuabilidade, o que se
aplica às garrafas, naturalmente. Por isso há praias cheias de plásticos,
outras cheias de madeiras ou restos de redes, e há as "especializadas"
em garrafas. Se há garrafas vulgares numa praia, nesse local a probabilidade de
encontrar um mapa do tesouro é maior.
Quanto ao tempo, a
melhor altura é depois de tempestades, com ventos fortes e ondas iguais ou maiores
que as que tanto preocupam o Dr. Soares e em relação às quais o XIX Governo
Constitucional não faz nada—em contraste com o Presidente Obama que um dia
destes passa também à categoria honrosa de grande amigo do supracitado Dr. Soares.
Como é óbvio,
locais próximos de rotas de navios de cruzeiro são ideais. Nessas paragens as
mensagens acusam habitualmente o efeito do conteúdo inicial do frasco, e
consistem muitas vezes em etílicos desabafos amorosos. É normal.
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