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[...] O Governo Sócrates teve início em Março de 2005, e
nove meses depois o deputado José Lello deixou de exercer o seu mandato em
exclusividade, para passar a integrar o conselho consultivo da Capgemini em
Portugal, uma consultora especializada em tecnologias de informação. Durante os
seis anos do consulado lello-socrático, a Capgemini firmou 113 contratos por
ajuste directo com entidades públicas, no valor de 6,7 milhões de euros, alguns
dos quais relacionados com o famoso Simplex.
Ao mesmo tempo, o incansável deputado Lello exercia ainda
o cargo de membro não executivo do conselho de administração da Domingos da
Silva Teixeira (DST), uma empresa de construção e engenharia com negócios na
área das energias renováveis, águas e saneamento. Enquanto Lello foi administrador
da DST, celebraram-se 62 contratos por ajuste directo com entidades públicas,
num total superior a 71 milhões de euros. Um único contrato com a Parque Escolar,
em Maio de 2009, rendeu quase 25 milhões.
José Lello foi consultor da Capgemini entre Setembro de 2006
e Novembro de 2012 e administrador da DST entre Janeiro de 2007 e Fevereiro de
2012. O Governo Sócrates caiu em Junho de 2011, e com ele parecem
ter caído também—curiosa coincidência—as notáveis capacidades administrativas
de José Lello, um homem cujo talento insiste em manifestar-se apenas na órbita
do Estado socialista. E é este pobre Lello que vem agora chamar Beppe Grillo a Henrique Neto, que enriqueceu no privado, tomou
posições corajosas e tem um pensamento estruturado sobre o país. Caro porteiro
Lello: não dá para gerir a clientela com a boca fechada?
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João Miguel Tavares in "Público
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