Um ovo cai-lhe da mão e, movido pela força da gravidade, entra em movimento uniformemente acelerado em direcção ao chão. A velocidade vai aumentando com o tempo e, quando o ovo atinge o tapete, a velocidade passa de X a zero. Depois de se estampar, ficou uma lástima, tanto maior quanto mais velocidade tinha, o que depende do tempo que levou a queda.
Grande trabalheira esta, não? Ter de limpar chão e tapete—uma
seca, para não falar da despesa do ovo. O ideal era dizer ao tempo para voltar
atrás e o ovo ficar intacto na sua mão. Era bom, mas não é possível. Pode
partir ovos, mas não pode "desparti-los", o que está muito mal feito.
Todas as teorias brilhantes que os físicos descobriram,
desde Newton, têm o mesmo problema. As leis que inventaram não se importam que
o tempo ande para a frente ou para trás, tal como não querem saber se você é
canhoto ou não. E não estão minimamente preocupadas com o seu tapete sujo com o
ovo partido. Como escreve o Dr. Mário Soares a respeito da inacção do Governo face
às ondas de 16 metros, perante isto os físicos não fazem nada.
O tempo é uma seta que avança sempre na mesma direcção. Dizem
os entendidos que a matéria tem sempre um certo grau de "desorganização",
a que chamam pedantemente entropia, e que a tendência é as coisas caminharem,
em condições naturais, para terem cada vez mais entropia. A água no estado
sólido—ou gelo—tem menos entropia que no estado líquido e portanto derrete se
não a pusermos num local frio. Acham bem? Eu não. Então, dizem eles, o ovo ao
partir-se ganhou entropia e já não volta para trás sem artes malabares da sua parte:
só juntando a clara, metendo lá dentro a gema, colando a casca e rebabá é que
as coisas melhoram. Naturalmente com muito trabalhinho seu. Está mal. Pode vir
um tal de Ludwig Boltzmann perorar sobre entropia e coisas assim, que não
interessa: está mal. E o pior é que o Dr. Cavaco Silva, que jurou cumprir e
fazer cumprir a Constituição, não fala e não diz nada. Não pode ser! Abaixo a entropia. PIM!
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