quinta-feira, 2 de abril de 2015

ÉTICA 'TOUT COURT'

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Acórdão da Relação a que o i teve acesso reúne conjunto de indícios contra o ex-ministro da Administração Interna (Miguel Macedo). Há relatos de escutas telefónicas, de encontros e jantares e até de presentes oferecidos ao actual deputado por um cidadão chinês. MP dá-o como suspeito de prevaricação, a Relação também, mas Macedo não foi  constituído arguido. Suspeita-se que era tratado pelo cognome “Cavalo Branco”. [...]

[...] Para procuradores e juízes, Miguel Macedo deu “ordem ilegal”, violou os procedimentos sem atentar ao interesse público e “favoreceu ilegalmente”, e em conjunto com Manuel Jarmela Palos—antigo director do SEF—, os “interesses privados lucrativos” de António Figueiredo, director do IRN e seu amigo, e de Jaime Gomes, seu antigo sócio. [...]

[...] Rebabá [...]

A prosa citada foi copiada dum jornal diário de hoje. Podia ter sido de outra notícia de outro jornal do mês passado, com nomes e factos diferentes, porque material não falta. Quer isto dizer que o regime está são como um pêro e recomenda-se—uma república de sucesso, se tomarmos como modelo a América do Sul  de há uns anos. Há insinuações de membros do Governo envolvidos em crimes de suborno na compra de submarinos, com gente presa no país vendedor por corrupção activa no negócio e ninguém arguido por corrupção passiva no país comprador; há um ex-primeiro-ministro detido porque arguido em alegados crimes qualitativamente de pilha-galinhas e quantitativamente de padrinho mafioso; há um ex-ministro da Administração Interna sobre quem se lêem notícias como a citada em cima; há a quase generalizada suspeita pública de corrupção na administração local e por aí fora.
É esta a ética republicana?—perguntar-se-á. Não é. Nem republicana, nem monárquica, nem ditatorial, nem liberal, nem socialista, nem democrata cristã—nada disso. É falta de ética tout court. Por isso me irrita a conversa da ética republicana de Alegre & Cª. Disraeli dizia que quando os homens são puros, as leis são inúteis; e quando são impuros, desrespeitam as leis. O que faz as grandes nações são os grandes homens, independentemente dos regimes e da taxonomia dos partidos desses regimes. E os homens desta república são uma trampa, para falar bem e depressa.
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