Acórdão da Relação a que o i teve acesso
reúne conjunto de indícios contra o ex-ministro da Administração Interna
(Miguel Macedo). Há relatos de escutas telefónicas, de encontros e jantares e
até de presentes oferecidos ao actual deputado por um cidadão chinês. MP dá-o
como suspeito de prevaricação, a Relação também, mas Macedo não foi
constituído arguido. Suspeita-se que era tratado pelo cognome “Cavalo Branco”. [...]
[...] Para procuradores e juízes, Miguel Macedo deu “ordem ilegal”, violou os
procedimentos sem atentar ao interesse público e “favoreceu ilegalmente”, e em
conjunto com Manuel Jarmela Palos—antigo director do SEF—, os “interesses
privados lucrativos” de António Figueiredo, director do IRN e seu amigo, e de
Jaime Gomes, seu antigo sócio. [...]
[...] Rebabá [...]
A prosa citada foi copiada
dum jornal diário de hoje. Podia ter sido de outra notícia de outro jornal do
mês passado, com nomes e factos diferentes, porque material não falta. Quer
isto dizer que o regime está são como um pêro e recomenda-se—uma república de
sucesso, se tomarmos como modelo a América do Sul de há uns anos. Há insinuações de membros do
Governo envolvidos em crimes de suborno na compra de submarinos, com gente
presa no país vendedor por corrupção activa no negócio e ninguém arguido por
corrupção passiva no país comprador; há um ex-primeiro-ministro detido
porque arguido em alegados crimes qualitativamente
de pilha-galinhas e quantitativamente de padrinho mafioso; há um ex-ministro da
Administração Interna sobre quem se lêem notícias como a citada em cima; há a
quase generalizada suspeita pública de corrupção na administração local e por
aí fora.
É esta a ética
republicana?—perguntar-se-á. Não é. Nem republicana, nem monárquica, nem ditatorial,
nem liberal, nem socialista, nem democrata cristã—nada disso. É falta de ética
tout court. Por isso me irrita a
conversa da ética republicana de Alegre & Cª. Disraeli dizia que quando os
homens são puros, as leis são inúteis; e quando são impuros, desrespeitam as
leis. O que faz as grandes nações são os grandes homens, independentemente dos
regimes e da taxonomia dos partidos desses regimes. E os homens desta república são uma trampa, para falar bem e depressa.
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