[...] Contudo tenho de fazer uma declaração de
interesses: nenhum outro candidato me inspira como Sampaio da Nóvoa. Aqueles
parágrafos de mote e volta, aquele falar de Abril, aquele tempo que não é tempo
despertam em mim uma súbita vontade de escrever.
Já me estou a ver de ghostwriter presidencial. Hora de pagar aos credores?
Manda-se discurso invocando a pátria que é mátria, terra nossa, sem preço nem
custo, palavras que reduzem à mera substância o espaço de saber, tesouro que
amealhámos e que nos fará vencer… E pronto fica o problema resolvido: em
primeiro lugar porque os credores não percebem o conteúdo e em segundo porque
não se sentem capazes de se submeter a nova tortura de tal ditirâmbica prosa.
[...]
Helena Matos in "Observador"
.
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