Portugal está entregue a gente medíocre e, no mínimo, intelectualmente pouco séria. O que se defendia ontem com convicção repetida até à náusea é rejeitado hoje sem vergonha, metendo na gaveta os princípios para sobreviver politicamente. E tudo isto com o mesmo descaramento dos que vivem de expedientes, seja a passar cheques sem provisão, seja a vender contrafacção. O exemplo está aí no Programa de Estabilidade e Crescimento, onde de uma penada se atira ao lixo um ror de promessas com que se ganharam eleições e se dá o dito por não dito. Cito Luis Filipe da "Visão": Ouve-se da boca do primeiro-ministro, nos impiedosos arquivos televisivos esta semana postos no ar: "O investimento público é a melhor forma de animar a economia, criar emprego e produzir riqueza." Ora, no primeiro embate, o Governo cancelou os projectos de cinco auto-estradas. No segundo, adia por dois anos as linhas de TGV Lisboa-Porto e Porto-Vigo. Aguarda-se o terceiro.
O mais extraordinário é que os portugueses foram avisados e não ouviram; e aparentemente continuam a não ouvir, como diz João Pereira Coutinho:
[...] O discurso de Ferreira Leite (no Congresso do PSD), pelo contrário, foi simultaneamente triunfal e trágico. Triunfal, porque foi possível ver, talvez pela última vez, uma mulher sem carisma mediático a repetir o que hoje é consensual: o Estado caminha para a falência; os partidos estão em descrédito; o regime está atolhado em falsidades. Mas quem, há cinco meses, esteve interessado em ouvir este sermão?
O lado trágico está aqui: as eleições não se ganham com verdades; ganham-se com mentiras porque os portugueses preferem-nas. E se existiu erro no consulado de Ferreira Leite foi o de sobrevalorizar a maturidade dos portugueses; a crença ingénua de que era possível falar para adultos. Não é. Para regressar ao poder, não basta ao PSD eleger um líder e esperar que o eng. Sócrates caia da cadeira. É preciso nivelar o discurso com a idade mental do eleitorado.
João Pereira Coutinho acha que é um problema de idade mental, mas não é, infelizmente. Parece mais um caso, ou o somatório de alguns milhões de casos, de estupidez.
O mais extraordinário é que os portugueses foram avisados e não ouviram; e aparentemente continuam a não ouvir, como diz João Pereira Coutinho:
[...] O discurso de Ferreira Leite (no Congresso do PSD), pelo contrário, foi simultaneamente triunfal e trágico. Triunfal, porque foi possível ver, talvez pela última vez, uma mulher sem carisma mediático a repetir o que hoje é consensual: o Estado caminha para a falência; os partidos estão em descrédito; o regime está atolhado em falsidades. Mas quem, há cinco meses, esteve interessado em ouvir este sermão?
O lado trágico está aqui: as eleições não se ganham com verdades; ganham-se com mentiras porque os portugueses preferem-nas. E se existiu erro no consulado de Ferreira Leite foi o de sobrevalorizar a maturidade dos portugueses; a crença ingénua de que era possível falar para adultos. Não é. Para regressar ao poder, não basta ao PSD eleger um líder e esperar que o eng. Sócrates caia da cadeira. É preciso nivelar o discurso com a idade mental do eleitorado.
João Pereira Coutinho acha que é um problema de idade mental, mas não é, infelizmente. Parece mais um caso, ou o somatório de alguns milhões de casos, de estupidez.
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