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O envelhecimento é um problema individual e colectivo. Na realidade, é mais colectivo que individual, embora cada um sinta que não, naturalmente.
À medida que a longevidade aumenta e a natalidade diminui, a relação de dependência, que é o quociente do número de idosos pelos que estão na idade de trabalhar, aumenta. E no numerador da fracção está uma população que consome mais, sobretudo em cuidados de saúde mas não só; que, quando trabalha, é menos produtiva; e que faz pouca poupança, na perspectiva de fim de vida. Isto afecta os três vectores que mobilizam a economia: volume da força de trabalho, produtividade e disponibilidade de financiamento. Daí menos riqueza para alimentar a população não activa.
Nos países ricos, a saída do mercado de trabalho verifica-se muito mais cedo que nos países pobres. Nos pobres, a natalidade é maior e a segurança social é incipiente e vai resistindo aos embates do aumento da longevidade. Mas nos ricos o problema é complicado. Nos Estados Unidos, no Século XX, a idade média da reforma caiu de 74 para 63 anos, o que não é sustentável.
No fundo, a segurança social, quando foi instituída, estabeleceu um contrato com os cidadãos para os proteger nos poucos anos em que ficavam incapazes de trabalhar. Mas os cidadãos romperam o contrato, começando a viver de mais. Será a solução acordar com população morrer mais cedo, como dizem jocosamente os teóricos desta matéria?
A piada, que não tem piada nenhuma, traduz uma coisa preocupante: é que não há boa solução para o problema no horizonte próximo. Na impossibilidade de impor a morte aos idosos, só se dará a volta ao texto cortando nas regalias dos reformados, o que é uma espiga.
Estamos a viver isso.
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quarta-feira, 17 de março de 2010
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