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[...]
Portugal, Portugal! Eu te lastimo!
E o pezar, que me causas, mal reprimo!
Estás presentemente na figura
Do enfermo, que não póde com a cura,
Por ter molestias taes tão complicadas,
Que parte das receitas são baldadas.
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[...]Portugal, Portugal! Eu te lastimo!
E o pezar, que me causas, mal reprimo!
Estás presentemente na figura
Do enfermo, que não póde com a cura,
Por ter molestias taes tão complicadas,
Que parte das receitas são baldadas.
[...]
As nossas circumstancias, nosso estado
Pedem hum viver hoje acautelado.
Os tempos para o rico, e para o pobre
Já são de pouca prata, e muito cobre.
Ninguem póde fazer hoje thesouro,
He hum milagre o vêr quartinho em ouro:
Muito faz quem com boa economia
Se sustentar hum dia, e outra dia;
Que se entrudos fizer amiudados,
Ha de ter muitos dias de finados.
Luxo na mêza, luxo no vestido,
Pelas funções hum luxo desmedido,
No fim se lhe acha o erro que desgosta;
Por isso tantas náos tem dado á costa!
As nossas circumstancias, nosso estado
Pedem hum viver hoje acautelado.
Os tempos para o rico, e para o pobre
Já são de pouca prata, e muito cobre.
Ninguem póde fazer hoje thesouro,
He hum milagre o vêr quartinho em ouro:
Muito faz quem com boa economia
Se sustentar hum dia, e outra dia;
Que se entrudos fizer amiudados,
Ha de ter muitos dias de finados.
Luxo na mêza, luxo no vestido,
Pelas funções hum luxo desmedido,
No fim se lhe acha o erro que desgosta;
Por isso tantas náos tem dado á costa!
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José Daniel Rodrigues da Costa in “Portugal Enfermo por Vícios, e Abusos de Ambos os Sexos”, 1818
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O poeta foi contemporâneo de Bocage e um dos alvos privilegiados do seu escárnio.
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