O PORTUGUÊS ACTUAL É DOLICOCÉFALO, ortocéfalo (quase camecéfalo), metriocéfalo (quase acrocéfalo), levemente eurimetópico, de buraco occipital mesossema (quase megassema), leptoprósopo, cameconco ou mesoconco, leptorrínico, fenozígico (quase criptozígico), mesostafilino (quase leptostafilino), ortognata e megalocéfalo. - A. A. M. Correia, "Os Povos Primitivos da Lusitânia", 1924, p. 327
O homem tornou-se num
escavador imparável—faz buracos e cava túneis por tudo quanto é sítio no
planeta. Nos últimos 60 anos refinou a actividade de toupeira, movendo actualmente
sedimentos e material rochoso da Terra três vezes mais do que todos os rios,
glaciares, vento e chuva. Os rios movimentam em conjunto 13 gigatoneladas—milhares
de milhões de toneladas, ou GT—por ano,
sendo que a Muralha da China, para se ter ideia do que isso representa, corresponde
a 2 GT. Só de carvão, o homem extrai 9 GT anualmente, com a perspectiva do
número subir para 13 GT em 2030. Acrescem depois 2 GT de minério de ferro, o
petróleo, o gás natural, os diamantes, o mármore, blá, blá, blá. Nos Estados
Unidos há 568.000 minas abandonadas e milhões no mundo inteiro, transformando a
terra num queijo suíço. Em muitos locais, as populações de áreas pobres foram
espoliadas das suas terras e envenenadas pela actividade mineira. E os mineiros
morrem quase como os tordos—só na China, são mais de 50 por semana.
O que o homem procura e extrai levou muitos
anos a fabricar. Os metais foram feitos nas estrelas por fusão nuclear há milhares
de milhões de anos; e o petróleo e o carvão são produtos da Terra, feitos a
partir de florestas sepultadas há mais de 300 milhões de anos. Com o actual
ritmo de extracção, vão acabar e não vamos poder esperar que se formem mais em
tempo útil. Catita, não?
O homem auto-intitula-se Homo sapiens e diz ser o único
animal racional. Está à vista!
"O país não
está condenado ao ciclo vicioso do rotativismo e da alternância sem alternativa
e não se limita nem se esgota no actual quadro político e partidário e muito
menos se confina aos partidos da troika, subscritores do Pacto de Agressão",
disse Jerónimo hoje mesmo. E disse mais: "que o reforço da influência do
partido contribui decisivamente para a construção de uma alternativa política".
Já sabemos qual é
o ciclo vicioso do rotativismo e da alternância de que Jerónimo fala. É muito
mau, sim senhor, já todos percebemos. Mas, infelizmente, esgota as hipótese de
escolha dos eleitores, caro Jerónimo. A alternativa política de que fala, com
reforço da influência do partido comunista, já provámos e não gostámos, logo a
seguir ao 25 barra 4. As "mais amplas liberdades" do Dr. Cunhal não
estão esquecidas. É difícil para quem as viveu. Não se apagam do dia para a
noite os saneamentos políticos, as ocupações selvagens da propriedade alheia, o
silenciamento de quem não concorda—especialidade do camarada Saramago—a
intolerância, a demagogia, o facciosismo patológico e por aí fora.
Pode o PCP vestir
agora a pele de cordeiro que não engana ninguém. Sei que quem assim
pensa é anticomunista primário; mas é
mesmo assim que penso, veja lá!
Nos países ricos, ou assim assumidos como Portugal, a maior parte dos
aparelhos sofisticados que se usam—telemóveis, televisões, máquinas fotográficas,
de lavar roupa ou louça, iPod, etc.—já
saturaram, ou quase, o mercado de quem os pode comprar. Mas a economia não pode parar e o
fabrico tem de se manter activo. Há duas maneiras de o fazer. Uma consiste em explorar a
moda, através do lançamento anual de novos e "mais modernos" exemplares
para parolo comprar. Só compra o parolo que quer e aceita-se isso. A outra é
pior pois consta de um plano de má fé, fazendo aparelhos intencionalmente planeados
para não durar muito, e sem possibilidade de reparação. São por exemplo
baterias de curta vida incorporadas em componentes que não podem ser
substituídos; computadores com a memória RAM incorporada na motherboard, o que
torna proibitivo substituir tudo quando uma delas avaria; ou lâmpadas que não
funcionam mais de 750 horas, quando é possível fabricá-las para 100.000 horas.
Obsolescência é o nome dado a esta ordinarice praticada por firmas como a Nokia,
a Apple, a Motorola e outras "respeitáveis" marcas que conhecemos.
O crime é duplo. Começa no engano deliberado do
consumidor e passa depois a atentado contra o ambiente, pelo consumo
desnecessário de recursos e pelo aumento estúpido da poluição. Há quem lhe chame estratégia industrial. Eu
chamo-lhe sacanice, o que parece bastante mais apropriado.
Nota—Há uma "Wikipedia dos manuais", no site http://www.ifixit.com/,
em que os consumidores dão dicas para solucionar problemas que os fabricantes
omitem nos manuais, quando há manuais...
Com a acusação de estar a "fazer caminhar o País
para o abismo", 78 personalidades exigem ao primeiro-ministro que se demita.
Entre as razões está a "aprovação de um Orçamento de Estado iníquo,
injusto, socialmente condenável", que consideram que "não será
cumprido e que aprofundará em 2013 a recessão". O citado lê-se no jornal "Diário de Notícias"
e, provavelmente, as 78 personalidades têm razão. Só não se entende porque razão
as referidas 78 cabeças não exigiram a demissão do Zezito quando era evidente
que estava a encaminhar o País para a bancarrota, como se viu pela autópsia do
cadáver que deixou para trás, antes de dar de frosques para Paris. Foi preciso
o seu Ministro das Finanças, à revelia—repito, à revelia—pedir auxílio
internacional para podermos comer e acender uma lâmpada.
O pior da política é o facciosismo porque desacredita—com
razão—os facciosos. E todos que assinam a carta são facciosos. A pergunta é:
estão mais preocupados com a marcha dos acontecimentos, ou com a elevação dos
seus correligionários ao poder?
Se estão preocupados com a marcha dos acontecimentos
agora, porque não se manifestaram antes, quando o Zezito asneava? Não tenho
procuração para defender este Governo, antes pelo contrário; mas não sou cego
e, menos ainda, faccioso. Por isso, do alto da autoridade que esse facto me dá,
digo às referidas personalidades que vão à merda. E podem levar a carta com
eles para se limparem.
O livro que se vê em cima é um registo feito pelo
reverendo Horace Salusbury Cotton, capelão da Newgate Prison de Londres, onde
consta informação detalhada de todos os condenados à morte por enforcamento que
passaram pela instituição entre 1812 e 1839. Foram 413, numa época em que em
Inglaterra se podia ser enforcado por
roubar coisas insignificantes, fazer batota na contabilidade, ou danificar a
ponte de Westminster.
Mas o reverendo Cotton não se ficava pelo registo,
acrescentando comentários cruéis sobre os condenados, a quem gostava de berrar
que iam arder no Inferno até à eternidade. Popularmente, falava-se em morrer em
Newgate com Cotton nos ouvidos—um horror!
O livro está a ser objecto de estudo pelo historiador Peter
Berthoud, cuja opinião é de que Cotton gostava daquilo. Provavelmente, digo eu,
porque reforçaria o efeito dissuasor da pena de morte com a ameaça do castigo
eterno. Há cada um!!!...
Deus tem só uma medida a tomar com esta humanidade
inútil: afogá-la num dilúvio. Mas afogá-la toda, sem repetir a fatal
indulgência que o levou a poupar Noé; se não fosse o egoísmo senil desse
patriarca borracho, que queria continuar a viver para continuar a saber, nós
hoje gozaríamos a felicidade inefável de não sermos... .
A respeito de
declarações feitas pelo senhor Selassié sobre Portugal e suas finanças e
economia, o inestimável homem dos círculos concêntricos, que também responde
pelo nome de Baptista Bastos (BB), diz hoje no "Diário de Notícias":
"Somos tratados com displicente condescendência. Afinal, numa
interpretação lisa e, acaso, aceitável, somos os pedintes e eles os curadores
dessa nossa triste condição." Afinal, digo eu,
BB começa a ver o problema do ângulo certo porque compreende finalmente as
coisas como elas são, só com a reserva de que diz sermos os pedintes e eles os
curadores, numa interpretação acaso aceitável. O núcleo da matéria está
exactamente aí—não é acaso aceitável, mas aceitável tout court.
Portugal está de
cócoras com a política irrealista conduzida maioritariamente por socialistas. A desgraça começou com os comunistas, imediatamente depois da
"revolução dos cravos", com o PREC, e entrou em estado pré-comatoso primeiro, com
os socialistas, e a seguir em coma agónico com essa nulidade feita
primeiro-ministro chamada Zezito. São todos responsáveis, mais o inquilino de Belém e outras individualidades—uma cadeia de lástimas deplorável e fatal.
Agora, todos atacam
o Governo que, embora mereça críticas, não foi o responsável pela aflição
actual. Está a tentar remediar—com
pouca inspiração, é verdade—as asneiras alheias. Quem estiver inocente, atire a primeira pedra. O aviso é também para BB, um dos pioneiros da desgraça que devia estar calado.
Este vídeo, feito a partir de câmaras de vigilância e agora revelado pela polícia norueguesa, mostra Breivik a estacionar a carrinha com uma tonelada de explosivos debaixo do edifício do gabinete do Primeiro-Ministro e a abandonar o local com um uniforme da segurança. Também mostra o momento da explosão, no dia 22 de Julho de 2011.
Um grupo
de búfalos é alvo do ataque de quatro leões que caçam um deles, pequeno, já
dentro de água. Segue-se a disputa da presa com um crocodilo. Vencido este, os
búfalos voltam, libertam o filho e põem os leões a dar de frosques, com o rabo entre as pernas. Tudo
filmado por um amador no Kruger Park.
Uma sondagem
publicada pelo jornal "i" diz que 63% dos inquiridos não aprovam uma
intervenção militar no actual estado da Nação. Diz mais a dita sondagem: a
maioria dos que não aprovam têm mais de 55 anos e são eleitores do PSD. Que sejam
eleitores do PSD a ter tal opinião, não surpreende, nem é preciso dizer porquê.
Que sejam os maiores de 55 anos também é mais ou menos claro. São pessoas que
tinham, pelo menos, 17 anos na altura do PREC e não têm pachorra para aturar novamente
gente como
Otelo, Vasco Lourenço e outros crânios do mesmo jaez. As duas
referidas personalidades não perdem uma oportunidade para agitar o papão da
intervenção militar, saudosos do tempo em que enchiam as páginas dos jornais,
num protagonismo saboroso para tão medíocres intelectos—recordemos apenas a
tirada de Otelo quando dizia que, se tivesse cultura livresca, podia ser o
Fidel da Europa, ou outra trampa qualquer do mesmo género.
Os militares do 25
barra 4 derrubaram uma ditadura caduca, a cair da tripeça, em que já ninguém acreditava—nem os próprios mentores—incapaz de resistir a um golpe militar
organizado por Otelo e outras cabeças da mesma qualidade, o que diz tudo. Depois,
foi o que se viu: PREC, seguido de vitórias em jacto até ao estado final que é o actual.
Pelas almas de quem lá têm, poupem-nos agora.
Falávamos mais abaixo da idade do universo—da sua origem
ou eternidade e por aí fora—e de que, tal como o conhecemos, terá tido início
há 13,7 mil milhões de anos. Portanto, antes era o nada, concluímos nós, mas
possivelmente concluímos mal. O nada existe? Existiu alguma vez? Ou é construção
da nossa imaginação e nem sabemos muito bem o que é? Eu não percebo o nada e estou em muito boa companhia
nesta ignorância. Por influência cultural—filosófica e religiosa—convencionou-se
que o nada é o estado natural e normal e a existência o estado que quebra a normalidade
e tem de ser explicado. Mas nenhum facto permite afirmar que o contrário é falso,
ou seja, o normal é a existência e o anómalo é o nada, fruto da nossa inteligência ou falta dela.
Estamos agarrados à ideia da origem da existência a
partir do nada, reforçada pela teoria do Big-Bang. Mas o problema é que antes
implica tempo e antes de Big-Bang não havia tempo—não há antes antes do
Big-Bang, se me é permitida a confusão sintáctica, porque no nada não há tempo
por definição. E sem antes não podia haver nada, o que também é confuso. Provavelmente,
a percepção limitada das dimensões do universo nunca nos permitirá compreender nem
o nada, nem a existência, o que é supinamente frustrante, convenhamos. É a vida!
MAGNITUDE s. f.—Dimensão. A magnitude é relativa. Nada é
grande e nada é pequeno. Se tudo no universo aumentasse mil vezes, nada seria
maior ou mais pequeno que antes; mas se uma coisa ficasse do mesmo tamanho,
todas as outras seriam maiores. Compreendendo a relatividade da
magnitude, o astrónomo deve observá-la como o microscopista. O universo visível
pode ser uma pequena parte dum átomo flutuando no fluído vital dum ser.
Possivelmente, as pequenas criaturas que povoam os corpúsculos do nosso sangue também
ficam esmagadas pela distância entre tais corpúsculos.
Este navio, de patrulha oceânica, construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, é provavelmente o maior navio a motor armado construído em Portugal.
A idade do universo é matéria que tem dividido a
humanidade ao longo de séculos e ainda hoje assim acontece. O mais antigo e
fastidioso estudo sobre o assunto é, provavelmente, o de Jaime Ussher,
arcebispo de Armagh, na Irlanda, em 1624. Ussher procurou ligar passagens da
Bíblia com factos históricos e, depois dum trabalho ciclópico, informou o mundo
que o mundo tinha começado no dia 22 de Outubro de 4004 antes de Cristo. Para
ser mais preciso, Ussher acrescentava que foi às 6 horas da tarde.
A descoberta de Ussher tornou-se oficial em Inglaterra e
passou a figurar na introdução da Bíblia até ao Século XX. Contudo, a Teoria da
Evolução de Darwin descrevia factos que levavam muito mais que 6 mil anos para
se consumarem e fez pressão nos meios científicos para admitir que
a idade do universo poderia ser da ordem
de milhões, mesmo milhares de milhões, de anos.
Estudos geológicos sobre o tempo necessário para a
formação de rochas sedimentares apontavam para um número da ordem de vários milhões de anos. E
Lord Kelvin, partindo do princípio de que a Terra já teria estado a temperatura
para fundir rochas, e calculando o tempo necessário para arrefecer até à
temperatura actual, estimava a idade em 20 milhões de anos. John Joly, admitindo que os oceanos começaram por ser de água pura, determinou o
tempo necessário para se transformarem no mar salgado, das lágrimas de Portugal
de Pessoa, e chegou ao resultado de 100 milhões da anos. No início do Século
XX, os físicos descobriram que a radioactividade podia ser usada para calcular
a idade da Terra, o que levou à cifra de 500 milhões de anos. O apuramento da
técnica viria a apontar para número maior, da ordem de mil
milhões.
Cada nova técnica usada apontava para datas mais antigas,
tornando-se claro que a Terra e o universo eram provavelmente ainda mais velhos
e assim surgiu a ideia da eternidade do mundo. Se o universo existiu sempre, as
coisas simplificavam-se para a teoria científica—desaparecia a necessidade de
explicar como foi criado, quando foi criado, porque foi criado e quem o criou. Era
um alívio científico que só terminou com um conjunto de observações independentes
e convergentes de que o universo, tal como o conhecemos, teve um
princípio há cerca de 13,7 mil milhões de anos—a formação do hélio, a expansão
permanente, a constituição das galáxias, as micro-ondas cósmicas de fundo e por
aí fora apontam nesse sentido com enorme probabilidade da teoria estar certa.
Mesmo assim, não é líquido que antes não existisse nada, nem sequer o tempo.
Por isso, blá, blá, blá.
[...] A
experiência portuguesa recente basta para um leigo suspeitar que quanto mais se
gasta, com menos se fica. Excepto, naturalmente, quando há outras fontes de rendimento
que compensam a despesa. Mas quais? Os impostos? Sempre que aumentam os
impostos os sindicatos saem à rua. A ajuda externa? Esta nunca é incondicional
e, perante as condições, os sindicatos saem à rua. A espoliação dos ricos? A
perseguição das fortunas leva à fuga de capitais face à qual os sindicatos saem
à rua. Nacionalizar tudo o que se mexa, rasgar o memorando da troika, abandonar
o euro, sair da UE e viver na autogestão e na absoluta indigência durante
décadas? Estou em crer que a última hipótese contentaria os sindicatos e
anunciaria o Estado "social" com que o sr. Arménio sonha e que
inclui: o serviço de saúde cubano (o dos nativos), o sistema de transportes da
Albânia (a de Hoxha) e as regalias laborais da Coreia (a do Norte). Se semelhantes
progressos configuram uma alternativa plausível e amplamente desejada, óptimo e
até à próxima. Se não configuram, convinha parar de atribuir aos sindicalistas
caseiros a credibilidade que nunca mereceram e, em nome de um esboço de
sanidade, deixar de os levar a sério. [...]
Diz-se que Galileu inventou o telescópio para observar o
espaço celeste e estudar o Sistema Solar. Na realidade, as duas coisas não
foram assim. Quem inventou o telescópio foi um holandês chamado Hans
Lippershey, fabricante de óculos, que o apresentou ao mundo em 1608. Quando
Galileu, com conhecimentos avançados de óptica, ouviu falar do aparelho rudimentar de
Lippershey, cujo poder de amplificação era de 10 X, pôs-se ao trabalho e conseguiu criar
um aparelho com amplificação de 60 X, instrumento notável para a época.
Mas a utilização do telescópio de Galileu foi
inicialmente usado para a guerra pois dava aos venezianos a capacidade de avistar
a aproximação do inimigo a grande distância e preparar oportunamente a defesa.
E tinha também uso comercial por permitir ver a chegada iminente de navios com
carregamentos de mercadorias e forçar a saída de existências antes da
queda dos preços.
Só mais tarde Galileu teve oportunidade de constatar a
vantagem do uso do telescópio para observar astros. Começou pela Lua, onde
viu relevos e vales, ao contrário do que dizia a teoria de Ptolomeu, segundo
a qual todos os astros eram regularmente esféricos. Identificou também as
manchas solares (sunspots) e, sobretudo, descobriu quatro satélites de Júpiter,
coisa inesperada pois, ao contrário do que constava, nem tudo andava à volta da
Terra. Começou aí a glória e o calvário de Galileu, como é sabido, que
viria a levar a "milagres" como o Telescópio Espacial Hubble.
A imagem da direita é a reprodução duma folha com o registo das posições dos satélites de Júpiter, em dias e horas diferentes, feito por Galileu.
Cristina Azevedo, demitida da presidência da organização
do evento Capital Europeia da Cultura, da Fundação Cidade de Guimarães, exige
perto de meio milhão de euros de indemnização por lhe terem posto as malas à
porta com um bilhete só de ida para nenhures. Cristina é acusada, entre outras coisas, de ter feito
"contratações nebulosas". Depois de ter conhecimento de aspectos do
programa das "festas", ninguém duvida que tal possa ter acontecido.
Mas o mais curioso é que a agora contestatária da demissão assinou um acordo de
rescisão com uma cláusula que obrigava a Câmara, a Fundação e a própria a não
fazerem comentários públicos sobre a referida demissão, o que também se afigura
"nebuloso". Mas a carne é fraca e Cristina não podia ficar calada: pôs a boca no trombone. E que trombone!
Nos portos portugueses, um conflito laboral compromete gravemente um dos sectores em que a
economia portuguesa se tem aguentado—o das exportações. Todos ouvimos falar disso e, provavelmente, estamos pouco
informados sobre o que se passa. São apenas 400
trabalhadores, num total de quase
1300 estivadores, que têm alimentado
o conflito. São 400 trabalhadores enquadrados por
sindicatos da CGTP—os sindicatos da UGT chegaram
a acordo com o Estado e, em resultado disso, não há paralisações em Leixões, Sines e Viana
do Castelo—que têm tido papel de relevo nas manifestação, especialmente pela
violência das atitudes. E porquê
greves e manifestações? Para não perder regalias que não deviam existir
Por exemplo, de
acordo com a legislação laboral, o limite anual das horas extraordinárias
é de 250 por ano, mas nos portos há
trabalhadores que acumulam mais de 1500 horas extra por ano—média de 30 horas extra por semana! É que os trabalhadores mais antigos (com contratos anteriores a 1993) não
necessitam de trabalhar as oito horas de um turno—basta-lhes trabalhar uma para terem direito
ao pagamento integral do turno; e vigora
um regime de prioridades que obriga os operadores a chamar sempre os trabalhadores mais antigos, com os salários base mais elevados,
para todos os turnos.
Acresce que há uma "carteira profissional de
trabalhador portuário", cuja concessão depende dos sindicatos, sem a qual
não se pode trabalhar nos portos. Escusado dizer que há imensos casos de
nepotismo, com favorecimento de candidatos filhos, sobrinhos e enteados de trabalhadores,
não obstante estes dizerem repetidamente que se trata dum trabalho duro e
arriscado. E a lei actual classifica como trabalho portuário tarefas primárias
e indiferenciadas que qualquer trabalhador sem carteira e sem as condições
de excepção dos estivadores poderia desempenhar, aumentando os custos
operacionais nos portos, em benefício duma classe cujos campeões chegam a
ganhar 4.000 euros num mês.
É por o Governo querer rever estas situações anómalas que
os portos portugueses estão menos operacionais e a depauperada economia
nacional ainda mete mais a proa a pique. Mas, não admira—afinal, quem manipula
a situação joga no quanto pior, melhor.
Existe uma sociedade americana chamada "Flat Earth Society",
onde os defensores de que a Terra é plana escrevem, debatem ideias e,
especialmente, agridem quem lhes diz que estão errados. Também há provocadores.
Um deles diz que a esfera é um plano infinito porque, se
traçarmos um plano tangente à esfera, o ponto de contacto é um ponto simultaneamente
plano e esférico. Naquele ponto, a Terra é plana. Um número infinito de pontos
planos desses fazem uma esfera. Logo a Terra é plana e esférica.
Cavaco Silva, no
Congresso das Comunicações, aconselhou os portugueses a olhar para o que esquecemos nas últimas décadas e ultrapassar os estigmas que nos afastaram do mar, da agricultura e até
da indústria; isto é, devemos ouvir o que ele diz e não olhar para o que ele fez. Ganda Cavaco! Tozé Seguro,
critica diariamente o Governo porque não está a gerir bem a Pátria, mas não
sugere soluções detalhadas para cortar os já famosos 4 mil milhões de euros na
despesa porque "o PS não tem
as centenas de assessores que o Governo tem, nem dispõe dos seus recursos
financeiros para pedir estudos".
Tal e qual! Isto é, o PS é mais para as grandes linhas, para a estratégia. A táctica
do PS já vimos no que dá quando o Zezito foi timoneiro da Nau Lusitânia.
Os políticos
portugueses são treinadores de bancada. Só que—uma vez por outra—têm mesmo de treinar
e a fífia é a regra; coisa sem importância porque esquecem depressa e não têm vergonha.