domingo, 25 de novembro de 2012

DE USSHER AO 'BIG-BANG'

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A idade do universo é matéria que tem dividido a humanidade ao longo de séculos e ainda hoje assim acontece. O mais antigo e fastidioso estudo sobre o assunto é, provavelmente, o de Jaime Ussher, arcebispo de Armagh, na Irlanda, em 1624. Ussher procurou ligar passagens da Bíblia com factos históricos e, depois dum trabalho ciclópico, informou o mundo que o mundo tinha começado no dia 22 de Outubro de 4004 antes de Cristo. Para ser mais preciso, Ussher acrescentava que foi às 6 horas da tarde.
A descoberta de Ussher tornou-se oficial em Inglaterra e passou a figurar na introdução da Bíblia até ao Século XX. Contudo, a Teoria da Evolução de Darwin descrevia factos que levavam muito mais que 6 mil anos para se consumarem e fez pressão nos meios científicos para admitir que a idade  do universo poderia ser da ordem de milhões, mesmo milhares de milhões, de anos.
Estudos geológicos sobre o tempo necessário para a formação de rochas sedimentares apontavam para um  número da ordem de vários milhões de anos. E Lord Kelvin, partindo do princípio de que a Terra já teria estado a temperatura para fundir rochas, e calculando o tempo necessário para arrefecer até à temperatura actual, estimava a idade em 20 milhões de anos. John Joly, admitindo que os oceanos começaram por ser de água pura, determinou o tempo necessário para se transformarem no mar salgado, das lágrimas de Portugal de Pessoa, e chegou ao resultado de 100 milhões da anos. No início do Século XX, os físicos descobriram que a radioactividade podia ser usada para calcular a idade da Terra, o que levou à cifra de 500 milhões de anos. O apuramento da técnica viria a apontar para número maior, da ordem de mil milhões.
Cada nova técnica usada apontava para datas mais antigas, tornando-se claro que a Terra e o universo eram provavelmente ainda mais velhos e assim surgiu a ideia da eternidade do mundo. Se o universo existiu sempre, as coisas simplificavam-se para a teoria científica—desaparecia a necessidade de explicar como foi criado, quando foi criado, porque foi criado e quem o criou. Era um alívio científico que só terminou com um conjunto de observações independentes e convergentes de que o universo, tal como o conhecemos, teve um princípio há cerca de 13,7 mil milhões de anos—a formação do hélio, a expansão permanente, a constituição das galáxias, as micro-ondas cósmicas de fundo e por aí fora apontam nesse sentido com enorme probabilidade da teoria estar certa. Mesmo assim, não é líquido que antes não existisse nada, nem sequer o tempo. Por isso, blá, blá, blá.
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