Lembrei-me disto porque reli recentemente a conferência
de Bertrand Russell, referida há dois dias e intitulada "Why I Am Not a Christian",
onde Russell diz o seguinte: [...] se aceitarmos as leis da ciência, temos de
admitir que a vida humana, e a vida em geral, acabará em devido tempo: é um
mero flash no todo universal; é um estádio na decadência do Sistema Solar; a
certa altura dessa decadência, atinge-se o tipo de condições, temperatura e por
aí fora, adequadas ao protoplasma, e há vida num curto momento da vida do
Sistema Solar. Vemos na Lua aquilo para que tende a Terra—uma coisa morta, fria
e sem vida.
Russell falava em 1927 e, embora já se soubesse que a
existência da Terra era efémera, não se previa como iria ser o fim. Hoje
sabe-se—do estudo da evolução de outras estrelas—que a Terra não acabará no
frio, mas no calor, na agonia do Sol em expansão, matando a vida muito cedo
nesse processo. Mas não interessa isso agora, dado ser um pormenor do que tratamos,
apesar de fenómeno cósmico muito mais importante que nós todos juntos.
A vida—mais precisamente a vida humana—é, deste ponto de
vista, um fenómeno circunstancial ocorrido em fase de decadência de um sistema
planetário organizado em volta de uma estrela de terceira ou quarta ordem, num
dos muitos milhares de milhões de galáxias do universo. Sem tomar partido—porque tal
fecha a porta à discussão e reflexão—direi que custa aceitar a importância
ontológica que o homem atribui a si próprio. É possível que seja ontologicamente
importante, mas, se o é, há enorme desproporção com a importância cosmológica.
Foi sempre assim e nem o conhecimento cada vez mais completo da sua
insignificância tem mudado muito este ponto de vista.
.

Quando a terra desaparecer por exposição ao calor do sol os outros planetas mais longínquos e gelados aquecerão e ficarão com condições para a raça humana continuar a sua saga universal.
ResponderEliminarÉ um ponto de vista optimista e pouco verosímil. O aquecimento da Terra vai resultar da agonia do Sol, em fim de vida. Sem estrela,nenhum planeta do Sistema Solar terá condições para albergar vida, seja humana ou outra qualquer.
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