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O universo começou num ponto, dentro de uma esfera de
raio zero, há quase 14 mil milhões de anos. Expandiu-se a velocidade
inimaginável e assim continua, de forma acelerada, como se confirma pela
observação do efeito Doppler na radiação que nos chega dos astros. Não sabemos
quanto durará o processo expansivo: se será infinito; ou terá fim, observando-se
então o inverso do Big-Bang, o Big-Crunch, ou Grande Colapso, provocado
pela força da gravidade nos corpos celestes.
A infinitude da expansão, como toda a infinitude, é daqueles
conceitos que chocam a nossa compreensão. Constitui uma abstracção admissível
em teoria, mas pouco provável na realidade física ou cósmica, embora, em boa
verdade, o início do Big-Bang, a
partir do nada, seja coisa equivalente.
Serve isto para dizer que a eternidade futura da expansão
universal se afigura pouco provável—pelo menos, para o meu encéfalo
anquilosado. E, a acontecer um Big-Crunch,
significará isso que o universo é—de sua natureza—igual a um foguete de
lágrimas da pirotecnia. Já pensaram nisto? Que grande desperdício de meios!...
Provavelmente, tudo no universo é finito, nós incluídos.
Todos, como seres possuidores de consciência individual ímpar, começámos por
ser nada; ou, melhor dizendo, conjunto disperso de átomos e moléculas que se
organizaram para tecer a vida que é a nossa.
A concepção é o nosso Big-Bang,
seguido de expansão finita—fisicamente, até ao início da terceira década e,
psicologicamente, até ao fim de quinta ou sexta década. Depois é o Big-Crunch humano—involuímos e regressamos
ao nada, ou seja, ao conjunto disperso de átomos e moléculas, propriedade da
natureza, que a vai usar em rochas e formas de vida diversas, incluindo a
humana. Todos somos proprietários de estruturas atómicas que já incarnaram
noutras pessoas, em galinhas, porcos, cordeiros, quiçá nalgum dinossauro. Essa
é a reincarnação garantida. A completa, de que alguns falam, implica a
reorganização total do mesmo ser através de reagrupamento de todos os
seus componentes moleculares, teórica e matematicamente possível, mas muito
improvável, embora se diga que tudo que é possível na natureza acontece.
Quanto à infinitude da individualidade da consciência, teologicamente é explicada. Fora desse campo, o problema é insolúvel.
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