Nos anos 60, o psicólogo Walter Mischel fez uma
experiência curiosa com crianças de 4 anos, que era mais ou menos como segue. Num pequeno quarto, com uma mesa e cadeiras,
colocou várias guloseimas e disse a cada petiz que podia comer uma delas de
imediato; mas, se quisesse esperar algum tempo sem comer nada enquanto ele se
ausentava por minutos, quando voltasse, podia comer duas guloseimas.
A grande maioria optou por esperar, mas quase todos desistiram
e comeram o doce antes dele regressar. Na época, dizia-se que a capacidade de
resistir à tentação de satisfazer o desejo dependia da força de vontade. Mas,
depois de observar centenas de crianças submetidas ao teste, Mischel constatou
que as capazes de esperar tinham em comum o facto de desviarem a atenção dos
doces, ocupando-se com coisas como brincar debaixo da mesa, cantar, ficar com
os olhos fechados, e mesmo tentar dormir. Isto é, não havia força de vontade nenhuma
envolvida. O que havia era desvio da atenção para outra coisa. E chegados aqui,
é preciso valorizar este facto que pode ter significado importante.
O psicólogo observou novamente as crianças quando já eram
jovens estudantes de 17 anos, ou seja, 13 anos mais tarde; e constatou que os incapazes
de resistir à tentação dos doces tinham mais problemas comportamentais, em casa
e na escola, dificuldade de fixar a atenção e rendimento escolar claramente
inferior aos outros. Mischel interpretou isto como fruto de não conseguirem
controlar o que chamaremos o foco da atenção. De acordo com este ponto de
vista, o sucesso ou insucesso, a
felicidade ou infelicidade, a realização pessoal ou a não realização, dependem
do modo de focarmos, e em que focamos, a
atenção durante a vida. Na realidade, vivemos num mundo com informação
excessiva. Parece estúpido dizer isto, mas a verdade é que ninguém consegue
dominar tanta informação. E, ou sabemos fazer as escolhas certas, ignorando o supérfluo,
ou somos afogados num mar de coisas inúteis que nos distraem e atrapalham. É indispensável a norma anglo-saxónica: control
your spotlight. Tal e qual!
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