quarta-feira, 7 de março de 2012

A GRAÇA SUBTIL DE DICKENS

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O que segue é o excerto da descrição duma viagem de comboio nos Estados Unidos feita por Charles Dickens, no livro “American Notes” (1842).
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 [...] Qualquer fala consigo ou com quem quer que lhe desperte simpatia. Se você é inglês, espera que o caminho de ferro seja parecido com o inglês. Se lhe diz “não”, ele diz “sim?” (interrogativamente) e pergunta qual é a diferença. Você enumera as principais diferenças uma por uma e ele diz “sim?” outra vez a cada uma (ainda interrogativamente). Então, calcula que você não viaja mais rapidamente em Inglaterra; e quando lhe responde, diz “sim?” (ainda interrogativamente), e é evidente que não acredita. Depois de longa pausa comenta, parcialmente para si, parcialmente para o cabo da bengala, que os ianques também são considerados gente voltada para a frente; e quando lhe diz “sim”, ele diz “sim” (agora afirmativamente); e, depois de olhar pela janela, esclarece que por trás daquela colina e a três milhas da próxima estação, há uma cidade interessante, numa localização excelente, que espera seja o seu destino. A resposta negativa, naturalmente, leva a mais perguntas sobre o seu itinerário; e, qualquer que seja o destino, invariavelmente fica a saber que não consegue lá chegar sem imensa dificuldade e perigo, e que todas as grandes vistas são noutro lugar qualquer. [...]
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