sábado, 10 de março de 2012

LAWRENCE OATES

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No dia 16 de Março de 1912, faz 100 anos na próxima Sexta-Feira, o capitão Lawrence Oates, de 31 anos, saiu descalço duma tenda na gelada Antárctida e disse para os companheiros: “Vou lá fora e pode ser que demore um bocado”. Nunca mais ninguém o viu, nem vivo, nem morto.
Oates regressava do Polo Sul junto com Scott e mais três parceiros, depois de constatarem que haviam sido precedidos por Amundsen na chegada àquele horrível local situado no cu do mundo.  Sofria de lesões graves produzidas pelo frio, estava sub-alimentado, e tinha enormes dores das sequelas dum ferimento de guerra que lhe deixou um dos membros inferiores mais curto. Atrasava a marcha de regresso dos companheiros, também eles desmoralizados e doentes, e já lhes havia pedido para o abandonarem e seguirem caminho. Com a sua decisão, Oates pôs fim ao problema que estava a criar aos parceiros, embora isso não lhes tivesse servido de nada.
Pergunta-se: quantos de nós seriam capazes de fazer o mesmo que Lawrence Oates? É difícil responder porque, desde logo, muitos de nós, eu incluído, não se vêem metidos numa situação daquelas. Oates teve de pagar – literalmente, em metal sonante - para participar na expedição que o fez sofrer e morrer anonimamente de forma inenarrável, financiando-a. Quantos dos que me lêem sabia o nome de Oates, ou conhecia as circunstâncias em que morreu? Ficou na História? Ficou, mas apenas na História dos especialistas e não do povão. Daqui a 100 anos haverá mais gente no mundo a conhecer Cristiano Ronaldo que os que hoje conhecem Lawrence Oates!
Mas também acho que pessoas como Oates não fazem as coisas a pensar nisso. Numa das guerras em que participou, na África do Sul, quando a sua unidade estava em vias de ser massacrada e surgiam vozes de rendição, Oates negou-se a fazê-lo dizendo que tinha vindo àquele local para combater e não para se render. Combateu, não se rendeu e não morreu. Na Antárctida, combateu, mas rendeu-se em prol dos companheiros e morreu por isso. São assim os heróis. Estava preparado para tal desde o princípio, quando se candidatou para integrar a expedição de Scott.
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Em cima, o grupo de cinco exploradores, incluindo Oates, que chegaram ao Polo e morreram. À esquerda, o capitão Lawrence Oates.
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