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José Sócrates
tinha conversas telefónicas com o seu amigo Armando Vara onde diziam o que não
se pode saber. Não estou interessado em saber porque ocupo o tempo doutra
maneira: as patacoadas de Sócrates e Vara não me interessam, e fico tranquilo. Mas
os juízes de Aveiro sabiam e não ficaram tranquilos: achavam que tais conversas
eram complicadas, talvez para um dos dois, eventualmente para os dois, e queriam
usá-las no julgamento do Caso Face Oculta.O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, essa figura incontornável da Justiça Portuguesa, Conselheiro Noronha do Nascimento, mandou sumariamente destruir as escutas feitas às referidas conversas e ponto final.
Acho que foi assim, mas não me apetece, nem vale a pena,
recapitular a matéria, porque são coisas de lana caprina. Mas, afinal, não há
ponto final nenhum; apenas reticências! O Tribunal Constitucional decidiu que
as escutas podem ser usadas pelo Tribunal de Aveiro. E disse mais: que a
decisão de destruir as escutas não é inconstitucional porque, precisamente, não
é definitiva!
É de gargalhada!
Há uma instituição que se chama Supremo Tribunal de
Justiça, presidida pelo incontornável Conselheiro Noronha do Nascimento, o qual
decidiu numa matéria. Depois vem outro tribunal e diz que o decidido não está
decidido e manda tudo voltar atrás. Isto é, o nome do Tribunal presidido pelo
incontornável Conselheiro Noronha do Nascimento está errado porque, segundo o
Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de
Lisboa, supremo é o “que está acima de todos, no seu género, na sua espécie”.
Postas as coisas assim, acho que o nome do tribunal deve ser Sub-supremo
Tribunal de Justiça e o incontornável Conselheiro Noronha do Nascimento é,
afinal, Presidente do Sub-supremo Tribunal de Justiça. Se há outro tribunal da
União Europeia hierarquicamente acima do Tribunal Constitucional, estão o nome
deve ser Sub-sub-supremo Tribunal de Justiça e o incontornável Conselheiro Noronha
do Nascimento blá, blá, blá.
Mas a gargalhada maior vem do caso de irem ser usadas
escutas que já estão destruídas. Ou não estão? Aqui, a porca torce o rabo. Se
estão destruídas, a decisão do Tribunal Constitucional é incompreensível porque
os respectivos juízes sabem disso. Mas, se sabem que não estão destruídas, é
pior, porque dão cobertura a uma desobediência ao Supremo, perdão, ao
Sub-supremo Tribunal de Justiça, eventualmente Sub-sub-supremo Tribunal de
Justiça.
E, no meio disto tudo, fica imóvel e impassível o
incontornável Conselheiro Noronha do Nascimento?
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