Falávamos um destes dias que todos temos um viés mental
aqui, outro ali, e outro acolá. Isto é, visões distorcidas e parciais da
realidade, pouco racionais, condicionadas por factores familiares, educacionais,
religiosos, culturais, blá, blá, blá. Temos mais do que três, seguramente, mas
isso não interessa agora. Interessa é que temos alguns, frequentemente irracionais,
e não mudamos. E porquê, se aparentemente seria mais favorável e adaptativo
apanhar o comboio da sociedade? Porque não é possível levar as pessoas a
reflectir sobre o que está mal com elas, se é que percebem que alguma coisa
está mal? Porque partem as claques do futebol as estações de serviço das
auto-estradas que não têm nada a ver com a bola?
A explicação, provavelmente, é que a razão não foi
concebida, ou antes, não se desenvolveu para chegar à, ou procurar a verdade! A
razão terá sido apurada pela evolução para nos ajudar a ganhar discussões, competições
e coisas similares! Parece estúpido, mas tal tese é defendida por gente ilustre
e sábia – é a Teoria Argumentativa da Razão.
Deste ponto de vista, a razão pode ter, e tem de certeza
muitas vezes, características paradoxais e ser, racionalmente irracional. Aliás,
David Hume dizia que a razão deve ser apenas escrava das paixões e não pode
nunca aspirar a outra função que não seja servi-las. E ia mais longe, quando
acrescentava: a moralidade não tem nada a ver com a natureza abstrata das
coisas porque está inteiramente relacionada com o “gosto” mental de cada ser,
da mesma maneira que a distinção do doce e amargo, e do quente e frio resultam
da sensibilidade de cada órgão dos sentidos.
Assim , o viés é um “gosto” mental que nos leva a
apreciar e fazer as coisas, como as papilas gustativas apreciam o doce e fazem
os gulosos, ou o olfacto aprecia o “Chanel” nº 5 e faz os “bem cheirosos”. Está
boa esta!
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