O “Expresso” desta semana inclui, no caderno “Actual”, um excelente artigo sobre o Acordo Ortográfico; objectivo, com fundamento sólido e nada apaixonado, da autoria de António Guerreiro. Ali se encontram exemplos extraordinários que têm vindo a ser cuidadosamente mantidos no silêncio. Recorde-se que o dito Acordo tem como objectivo principal, a unificação da língua através de grafia única.
Assim, por exemplo, a respeito da facultatividade das consoantes mudas e da acentuação, cita coisas assim: confeccionámos, confeccionamos, confecionámos e confecionamos são tudo formas aceitáveis da primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do verbo confeccionar e de muitos outros da primeira conjugação.
E, para a palavra Electrónica, o Acordo aceita ainda
electrónica, Electrônica, electrônica, Eletrónica, Eletrônica, electrónica e
eletrônica, ou seja, oito formas diferentes.
Na palavra recepção não há grafia alternativa, apesar do
p ser consoante muda em Portugal: é que no Brasil não é e aí acabou a facultatividade
recepcionista.
Aliás, ninguém respeita o Acordo escrupulosamente, como o
próprio “Expresso” que, entusiasticamente, aderiu escrevendo espetador, mudando depois para espectador para não espetar ninguém.
Tudo isto soa a arbitrariedade e ligeireza, em que cada
um escreve como lhe apetece e parece. No fundo, é a consagração da ortografia “Vodafone”
usada pelos jovens nos SMS. Axo k kerem meterme nakilo k xamam bué de naice.
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