sábado, 17 de março de 2012

A SELECÇÃO BIOTECNOLÓGICA

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A vida existe na Terra há 4,5 mil milhões de anos, mais coisa, menos coisa. Nos primeiros mil milhões, os seus mecanismos bioquímicos evoluíram rapidamente, até se estabelecerem espécies individuais (exclusivamente micróbios). Com o aparecimento dessas espécies mais estáveis, a evolução tonou-se muito lenta, condicionada pelo fenómeno darwiniano da selecção dos mais aptos. E, há cerca de 10 mil anos, a evolução darwiniana quase parou, quando a espécie do Homo sapiens começou a dominar e organizar a biosfera, muitas vezes da pior maneira, sob a forma de actividades industriais insustentáveis, por exemplo.
No último período, a evolução biológica foi substituída pela evolução cultural, hoje a maior força de mudança; porque muda a humanidade e esta molda biosfera. A evolução cultural não e darwiniana: a cultura espalha-se por transferência horizontal muito mais que por herança genética vertical. Por isso, é muito mais rápida que a evolução biológica - cerca de 10 mil vezes mais rápida - levando à interdependência cultural, essa coisa a que se chama globalização.
E agora, à medida que o Homo sapiens começa a dominar a biotecnologia, transferindo genes de uns seres vivos para outros, esbatendo as fronteiras entre as espécies, é possível que a evolução natural seja substituída pela selecção biotecnológica; e que, com excepção do homem, as actuais espécies desapareçam total, ou parcialmente, para dar lugar a outras mais amigas e úteis.
Além dum passo de gigante sob o ponto de vista científico, é uma perspectiva assustadora pelo que envolve em termos éticos. J. Craig Venter, o homem que conseguiu identificar a sequência do genoma humano, está em vias de produzir artificialmente ADN, capaz de funcionar na célula – é a vida artificial! Aos que lhe falam de ética, responde que, segundo as grandes religiões, o papel da ciência é usar o conhecimento no sentido de fazer o melhor para a humanidade.
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