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A vida existe na
Terra há 4,5 mil milhões de anos, mais coisa, menos coisa. Nos primeiros mil
milhões, os seus mecanismos bioquímicos evoluíram rapidamente, até se
estabelecerem espécies individuais (exclusivamente micróbios). Com o aparecimento
dessas espécies mais estáveis, a evolução tonou-se muito lenta, condicionada pelo
fenómeno darwiniano da selecção dos mais aptos. E, há cerca de 10 mil anos, a
evolução darwiniana quase parou, quando a espécie do Homo sapiens começou a
dominar e organizar a biosfera, muitas vezes da pior maneira, sob a forma de
actividades industriais insustentáveis, por exemplo.
No último
período, a evolução biológica foi substituída pela evolução cultural, hoje a maior
força de mudança; porque muda a humanidade e esta molda biosfera. A evolução
cultural não e darwiniana: a cultura espalha-se por transferência horizontal muito
mais que por herança genética vertical. Por isso, é muito mais rápida que a
evolução biológica - cerca de 10 mil vezes mais rápida - levando à
interdependência cultural, essa coisa a que se chama globalização.
E agora, à medida
que o Homo sapiens começa a dominar a biotecnologia, transferindo genes de uns
seres vivos para outros, esbatendo as fronteiras entre as espécies, é possível que
a evolução natural seja substituída pela selecção biotecnológica; e que, com
excepção do homem, as actuais espécies desapareçam total, ou parcialmente, para
dar lugar a outras mais amigas e úteis.
Além dum passo de
gigante sob o ponto de vista científico, é uma perspectiva assustadora pelo que envolve em termos
éticos. J. Craig Venter, o homem que conseguiu identificar a sequência
do genoma humano, está em vias de produzir artificialmente ADN, capaz de
funcionar na célula – é a vida artificial! Aos que lhe falam de ética, responde
que, segundo as grandes religiões, o papel da ciência é usar o conhecimento no
sentido de fazer o melhor para a humanidade.
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sábado, 17 de março de 2012
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