sábado, 3 de março de 2012

O SONO DOS DEVEDORES


O sono é o juro que temos de pagar pelo capital que liquidamos ao morrer; e quanto maior é  a taxa do juro, e mais regularmente ele é pago, mais a data da redenção é adiada.
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Isto escreveu Schopenhauer - provavelmente, digo eu - uma noite antes de ir para a cama. A ideia de comparar o sono, a vida e a morte com um movimento financeiro é, no mínimo, inesperada. Diz, quem penso que sabe o que diz, o seguinte sobre a tirada do autor: quando nascemos, recebemos uma dose de consciência e luz emprestada pelo vazio, deixando nele um buraco que cresce diariamente. À noite, quando dormimos, na escuridão do sono, preenchemos parte do buraco e evitamos que cresça sem controlo. No fim, temos de pagar o capital, encher de novo o buraco e devolver a vida que nos foi emprestada. O sono é a petite mort!
Sei que estão a olhar para mim com dúvidas. Mas não inventei nada. E nem sequer conheci Schopenhauer!
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