O sono é o juro que temos de pagar pelo capital que liquidamos ao morrer; e quanto maior é a taxa do juro, e mais regularmente ele é pago, mais a data da redenção é adiada.
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Isto escreveu Schopenhauer - provavelmente, digo eu - uma
noite antes de ir para a cama. A ideia de comparar o sono, a vida e a morte com
um movimento financeiro é, no mínimo, inesperada. Diz, quem penso que sabe o que
diz, o seguinte sobre a tirada do autor: quando nascemos, recebemos uma dose de
consciência e luz emprestada pelo vazio, deixando nele um buraco que cresce
diariamente. À noite, quando dormimos, na escuridão do sono, preenchemos parte
do buraco e evitamos que cresça sem controlo. No fim, temos de pagar o capital,
encher de novo o buraco e devolver a vida que nos foi emprestada. O sono é a
petite mort!
Sei que estão a olhar para mim com dúvidas. Mas não
inventei nada. E nem sequer conheci Schopenhauer!.
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