[...] É engraçado reparar na presciência de alguns dos nossos media face às manifestações em Espanha. Não só conseguem ver um "povo" inteiro em "luta" contra o Governo que esse exacto povo acabou de eleger como classificam de violentos os ténues esforços da polícia para conter os selvagens, perdão, os "estudantes" que arrasam tudo o que lhes surge pela frente.
Os
"estudantes" que protestam nas ruas de Valência, Barcelona e etc.
exigem "menos cortes, mais educação". Até certo ponto, compreende-se
a exigência e louva-se a franqueza: a fúria destruidora revelada pelas hordas
demonstra que sucederam por ali terríveis lacunas educativas. Infelizmente, não
se consegue mensurar a desmesurada verba necessária para suprir as lacunas,
isto considerando que ainda há hipótese de o fazer.
Eu julgo que não
há: na senda do Maio de 68, que tantos gandulos inspira, a rapaziada limita-se
a ser razoável e a pedir o impossível. Se aqueles bandos de delinquentes pouco
asseados são representativos da escola espanhola, convém esquecer a escola e
passar ao instrumento de aculturação seguinte, da brutalidade policial de facto
à camisa-de-forças, passando, claro, pelo sabão. Muito sabão. [...]
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Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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