quinta-feira, 15 de março de 2012

VIVER É FATAL

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Probabilidade é a quantidade de vezes que determinado facto, fenómeno, acontecimento, ou o que quer que seja, tem tendência para ocorrer. A definição é tosca, mas serve. Aparentemente, o estudo das probabilidades devia ser mais comum na nossa vida. Infelizmente talvez, não conseguimos: a probabilidade de não termos em conta a probabilidade no dia a dia é muito provável; e afecta a vida individual e colectiva.
Por exemplo, a repugnância despertada por aranhas: é completamente estúpida. Porquê? Porque a probabilidade de a aranha nos causar qualquer prejuízo, no nosso meio, é quase sempre nula; e a reacção de repulsa desencadeia stress, esse sim, com maior probabilidade de nos prejudicar. A probabilidade de ser vítima de um ataque terrorista é maior que a da aranha mas, ainda assim, extremamente baixa. Contudo, desencadeou reacções colectivas de defesa que envolvem também stress e mesmo rotinas como os scanners de RX, com risco superior ao terrorismo.
Em contraste com a aranha, um donut exerce acção atractiva sobre bastante gente e é reconhecidamente perigoso para a integridade da saúde. Isto é, o comportamento humano é irracional por várias razões, entre as quais a de não considerar a teoria das probabilidades na vida corrente.
Mas é difícil situar-se o cidadão numa posição razoável. Alguém imagina uma conversa hipotética deste tipo no quotidiano: “Viajo sempre nas carruagens de trás do metro porque nessas carruagens a probabilidade de morrer num choque é de 124,354 em 1.000 acidentes, enquanto nas da frente é de 674,764 em 1.000 acidentes"? Conversa de loucos!
A teoria é uma, a prática outra, ou a teoria na prática é outra. Por isso os casinos ganham dinheiro porque a prática demonstra que as pessoas arriscam dinheiro quase sem probabilidades de ganhar; além, claro,  de conhecimentos para a vida, quando os ganham. Em todo o caso, tomar decisões devia envolver um esforço mental concentrado para avaliar o mais correctamente possível os prós e os contras. Mas, e voltamos sempre ao mesmo: sem excessos de zelo. É que o zelo cria stress também ele blá, blá, blá.
Em boa verdade, o melhor é começar por admitir que viver é fatal. Isso é o básico. Depois, adoptar um comportamento personalizado. Nenhuma regra a este respeito serve para todos. É a vida. Reticências e ponto de exclamação
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