Provavelmente, porque lê
"O Dolicocéfalo", é culto/a e sabe o que é Lorem ipsum; mas, se não sabe, talvez fique a saber depois da tosca
explicação que vou dar. Lorem ipsum é
um texto em latim cujo conteúdo não interessa raspas a quem o lê: só interessa
o aspecto gráfico. Parece estúpido, não parece? É mesmo estúpido, mas é coisa
consagrada pela tradição—tal e qual!
Imagine que está a
preparar uma peça para publicar na primeira página do "The Times"
(podia ser outro jornal mais modesto, mas um texto seu só neste). Então, o
editor, ou coisa parecida, do jornal reserva-lhe um espaço porque sabe quantas
palavras vai ter a obra e quer mostrar-lhe antecipadamente como ficará depois da dada à estampa. Por exemplo, se fosse uma peça do Dr. Soares a falar
das ondas de 16 metros que corroem as praias, teria 2.500 palavras. O seu,
naturalmente, vais ter menos porque não é senador nem senadora. Portanto, o editor
imprime a página do jornal e, no espaço onde vai figurar a sua brilhante peça, põe
uma trampa qualquer que não interessa nada, como se fosse um manequim: prega lá
o Lorem ipsum!
Se tem um vinho para vender
e pede a um designer o rótulo para as
garrafas, ele faz uns bonecos e, onde vão estar dizeres, escreve o Lorem ipsum.
Chegados aqui, perguntar-se-á,
o que é o Lorem ipsum e quem e onde o
foram buscar. Quanto ao autor da ideia, parece que ninguém ainda o identificou porque,
inexplicavelmente, não foi preso. No que respeita ao conteúdo, começa assim: Lorem ipsum dolor sit amet,
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Está a perceber? Espero que não. É, mais ou
menos isto: "Aquele que ama ou
exerce ou deseja a dor, pode ocasionalmente adquirir algum prazer na labuta.
Para dar um exemplo trivial, qual de nós se submete a laborioso exercício
físico, excepto para obter alguma vantagem com isso. Desmoralizado pelos
encantos do prazer, percebe que a dor não resulta em prazer algum. Está tão
cego pelo desejo que não pode prever quem não cumprirá seu dever por fraqueza
de vontade. Rebabá".
O inspirado autor da peça
foi Cícero e ela é parte duma obra que jamais lerei chamada De finibus bonorum et malorum.
Está esclarecido/a? Claro que não. Felizmente!
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