Uma das matérias muitas vezes abordadas neste espaço é a
da relação pensamento/linguagem. A pergunta é: Como era o pensamento antes da
linguagem? Ou nem sequer existia pensamento?
Há teorias várias, o que significa que todas são
respeitáveis e nenhuma presta.
Diz-se que a linguagem, ou a capacidade de a usar, está
garantida no ADN e é consequência natural da evolução. Não nascemos a saber
falar, mas acabamos por falar como a andorinha acaba por voar. Em tal
eventualidade, linguagem e pensamento confundem-se.
Antes da evolução dispor as coisas desta forma, o pensamento
seria como o do animal, ou seja, capacidade de memorizar e associar imagens. O
cão que vê o dono a pegar na trela manifesta alegria porque associa a imagem ao
passeio no jardim, ao encontro com companheiros da mesma estirpe, ao alívio intestinal
e por aí fora. Não pensa: O gajo pegou na trela e vai levar-me à rua para
correr, conviver e cagar.
Pensar não é só associar imagens memorizadas. Há os raciocínios abstractos,
lógicos (dedutivos e indutivos) e matemáticos, por exemplo, que não poderiam
existir sem a linguagem.
Como é evidente, o mais
verosímil é haver um hardware orgânico no homem, fruto da evolução, capaz de suportar
o software da linguagem que tem de ser instalado, ou aprendido. E aqui entra a
qualidade do software—eventualmente apenas linguagem corporal, mas que pode ir até à eloquência do epistoleiro Zezito. Há detentores de software
linguístico tão sofisticado que ninguém os leva presos, embora esporadicamente,
um ou outro vá de cana—acontece aos melhores!
Inglês, francês, português, tetum, mandarim, ou awjila,
são programas de software linguístico, naturalmente muito diferentes em
qualidade. A cada um toca o que o destino quer.
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