Há maneiras e maneiras de avaliar perfis epidemiológicos na população, seja através do exame de amostras significativas de grupos de cidadãos, de entrevistas telefónicas, de visitas domiciliárias, de inquéritos através da comunicação social e por aí fora. Não faltam meios de investigar. Mas poucos saberão que um dos meios de o fazer consiste em analisar o conteúdo do esgoto das povoações.
Está lá quase tudo. Desde informação sobre o consumo de
drogas leves e duras, até à prevalência da obesidade. A acuidade do segundo
dado varia entre 81% e 89%.
Estudos genéticos do material esgotado permitem saber qual o tipo e quantidade
das bactérias presentes que são provenientes do microbioma humano (população de
micróbios presente no homem) e a análise das suas quantidades relativas pode determinar o tipo de dieta da população e a forma como é metabolizada.
O método tem a vantagem de não exigir colaboração e
consentimento das pessoas—os resultados são mais que anónimos—e exigir pouca
mão de obra, embora sofisticada. Desloca-se o técnico à estação de
tratamento de resíduos ou coisa parecida, enche um balde de trampa e vai para o
laboratório, fino e aromático, estudar—e aqui peço desculpa pela brutalidade—as
cagadas dos outros, para saber como vai a terra de obesos, drogados, comilões no
McDonald's, apreciadores de vinho alentejano e consumidores de charros. Estão a ver? É o progresso! O
artigo, que se lê no "The Atlantic", é omisso sobre se é possível saber
quantos cagantes são do Benfica e quantos são do Sporting, mas isso interessa pouco—penso eu.
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