terça-feira, 2 de março de 2010

A FRONTEIRA DOS CONHECIMENTOS

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... the action most worth watching is not at the center of things but where edges meet… shorelines, weather fronts, international borders…

Anne Fadiman
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O homem, desde que adquiriu a capacidade de pensar, dedica-se à observação do mundo onde surgiu e vive, e procura compreender. Fez enormes progressos no conhecimento do universo mas, paradoxalmente, tal avanço aumentou a dificuldade de observar e perceber. Tudo era bem mais simples no tempo dos faraós que quando dispomos de informação sobre partículas sub-atómicas, galáxias situadas a milhões de anos luz, formas de vida rudimentares - até estruturas na fronteira da vida como os priões; sobre os centros cerebrais da actividade psíquica, ou a estrutura do genoma. O homem viu-se esmagado pela pressão do volume de conhecimento que conquistou; e, quando se sente incapaz de dominar um número muito grande de coisas, compartimentaliza.
Vieram primeiro a ciência da vida e a ciência física, e depois cada uma deu origem a mais compartimentos, como a Biologia, a Sociologia, a Psicologia e outras, por um lado, e a Física, a Química, a Astronomia e por aí fora, por outro. Naturalmente que a artificialidade dos limites do foro de cada compartimento não resiste a análise sumária e, à medida que o conhecimento esmiuça, os protagonistas de cada área começam a encontrar-se à volta do mesmo objecto.
A descodificação do genoma foi feita por um biólogo e um químico, e a trapalhada do aquecimento global embrulha físicos, climatologistas, biólogos, ambientalistas, químicos e mais gente. E a energia fóssil de que tanto se fala é energia biológica gerada pela fotossíntese e armazenada no ventre da Terra.
Em boa verdade, a dificuldade actual nas áreas do conhecimento é conseguir iluminar as franjas, as áreas cinzentas para os actores de ambos os lados. No fundo, é o problema da especialização: a focagem num ponto diminui a nitidez do conjunto. A importância está where edges meet, como diz Anne Fadiman, acima citada.

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