quinta-feira, 6 de maio de 2010

BURACOS DO OZONO


A descoberta da depleção do ozono durante a Primavera polar, especialmente na Antárctida, fenómeno popularizado pela expressão “buraco do ozono”, foi dada a conhecer ao mundo há 25 anos, em publicação na revista Nature assinada por três geofísicos britânicos: Joseph Farman, Brian Gardiner e Jonathan Shanklin. Para ver o artigo original, clique aqui.
Foi a fonte de todas as controvérsias e, de algum modo, continua a ser. Primeiro porque se discutia se era um fenómeno natural ou antropogénico, e depois qual a sua causa na segunda hipótese. Veio a prevalecer oficialmente a teoria de que era causado pelo homem, avançada por Molina, Rowland e Crutzner, sendo atribuído ao cloro dos clorofluorcarbonetos usados em várias indústrias. Receberam o Prémio Nobel da Química por isso, em 1995.
Vinte e cinco anos mais tarde, Shanklin volta às páginas da Nature para reflectir sobre os “buracos do ozono”. Há muito para considerar, mas o mais importante do nosso ponto de vista, são dois factos:

1. A descoberta foi puramente acidental, visto que os geofísicos envolvidos estavam a investigar outra coisa - meios de melhorar as previsões meteorológicas e confirmar algumas teorias da circulação atmosférica. Tal como muitas outras, também esta foi feita por acaso, aquilo que em inglês se chama serendipity e não sei como se traduz em português.

2. O trabalho dos investigadores estava na lista negra do governo conservador da Senhora Tatcher que, numa acção de compressão de despesas, ia fechar a estação de Hailley Bay, dada a ausência de interesse dos resultados obtidos até então.
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São dois factos frequentes: a descoberta inesperada e não procurada, e a descoberta feita em cima da eminência do fim da investigação. O que não é comum é verificar-se tudo ao mesmo tempo na mesma instituição.

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