terça-feira, 3 de julho de 2012

BLÁ BLÁ BLÁ

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É difícil dizer exactamente o que é um dialecto. De forma simples, diremos que é variedade de uma língua e dizemos bem. Mas perguntar-se-á, por exemplo, se um sotaque muito cerrado como o madeirense ou açoriano faz um dialecto. É consensual que não. O dialecto, independentemente de ter ou não pronúncia diferente, caracteriza-se por vocabulário, ou algum vocabulário, sintaxe e expressões comuns diferentes da língua materna.
Com o tempo, o dialecto pode transformar-se em língua, ou não. Por vezes é difícil dizer-se  quando isso aconteceu e se aconteceu. Ninguém tem dúvidas que o francês, o italiano, o espanhol , o português, primitivamente dialectos do latim, são hoje línguas. Mas casos há em que ficam dúvidas, ou porque as diferenças com a língua de origem são discretas, ou  porque a população que o fala usa também a língua mãe com igual destreza, ou por razões políticas, quando os governos não reconhecem autonomia ao dialecto.
Seja como for, o dialecto exprime alguma diferença de identidade, após períodos longos de isolamento de comunidades dos povos. Com a globalização, estão condenados à extinção, seguindo a regra observada em todo o mundo de que língua de uso restrito é língua em estado agónico. Mais tarde ou mais cedo, ninguém falará mirandês, galego, catalão ou outras trapalhadas assim. Felizmente, digo eu,  com escândalo de muita gente. Dialecto é peça de museu, expressão bacoca de clubismo sócio-político,  coisa a cheirar a bafio.
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