domingo, 8 de julho de 2012

REVOGABILIDADE

. 
Há fé e cepticismo radical em quase tudo na vida. Mais na política, na religião e na ciência. Menos em relação ao pensamento de Boaventura Sousa Santos ou Baptista Bastos, sobre os quais o consenso é universal.
Há também a revogabilidade, ou seja, a abertura à mudança: ter uma convicção e estar aberto a pô-la de parte, por mais arreigada que seja, se a evidência o aconselhar.
A revogabilidade pode ter aspectos diferentes. A verdadeira, a genuína, a louvável, é a que se manifesta sem segunda intenção, sem interesse próprio, por razões explicadas e respeitáveis, como algumas conversões religiosas ou deserções políticas. Há depois a dos maçons de fresca data, dos socialistas de última hora, dos democratas pós 25 barra 4. Não interessa.
A revogabilidade, queria eu dizer, é um princípio filosófico fundamental porque, ao contrário do que se imagina, não traduz hesitação nem tibieza. É um conceito que encerra muita coragem e pode mudar o mundo. Da convicção inabalável decorreram muitos dos males passados, decorrem muitos dos actuais e decorrerão, de certeza, muitos dos futuros. É própria dos "nhurros".
O reconhecimento da importância da revogabilidade é hoje bem evidente na ciência, indiscutivelmente a actividade cultural mais preocupada com ela e que mais a respeita. Fora do mundo científico, é utopia. Podia mudar a vida, mas o Homo sapiens é "nhurro" como jumento. É a sua natureza.
.

Sem comentários:

Enviar um comentário