Há fé e cepticismo radical em quase tudo na vida. Mais na política, na religião e na ciência. Menos em relação ao pensamento de Boaventura Sousa Santos ou Baptista Bastos, sobre os quais o consenso é universal.
Há também a revogabilidade, ou seja, a abertura à mudança:
ter uma convicção e estar aberto a pô-la de parte, por mais arreigada que seja,
se a evidência o aconselhar.
A revogabilidade pode ter aspectos diferentes. A
verdadeira, a genuína, a louvável, é a que se manifesta sem segunda intenção,
sem interesse próprio, por razões explicadas e respeitáveis, como algumas
conversões religiosas ou deserções políticas. Há depois a dos maçons de fresca
data, dos socialistas de última hora, dos democratas pós 25 barra 4. Não
interessa.
A revogabilidade, queria eu dizer, é um princípio
filosófico fundamental porque, ao contrário do que se imagina, não traduz
hesitação nem tibieza. É um conceito que encerra muita coragem e pode mudar o
mundo. Da convicção inabalável decorreram muitos dos males passados, decorrem
muitos dos actuais e decorrerão, de certeza, muitos dos futuros. É própria dos "nhurros".
O reconhecimento da importância da revogabilidade é hoje bem
evidente na ciência, indiscutivelmente a actividade cultural mais preocupada com
ela e que mais a respeita. Fora do mundo científico, é utopia. Podia mudar a
vida, mas o Homo sapiens é "nhurro" como jumento. É a sua natureza.
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