Miguel Frasquilho é economista, deputado e vice-presidente da bancada do PSD no Parlamento. Hoje, os jornais deram-lhe a palavra e Frasquilho falou. E que disse Frasquilho? Frasquilho disse nada. Mas, dizendo nada, Portugal borrou-se.
"Temos a certeza que o governo procurará todas as alternativas que sejam possíveis do lado da despesa e só depois [...] se tratará também, se for caso disso, de ir ao lado da receita para que a austeridade que estava decidida e os cortes que estavam decididos possam ser substituídos". Assim falou Frasquilho.
Chegados aqui, tomámos conhecimento que talvez haja alternativas
"do lado da despesa". O governo vai procurar. Ainda não procurou, segundo
Frasquilho, mas vai procurar. Frasquilho esqueceu-se, num lamentável lapsus memoriae, de explicar porque só
agora o governo vai procurar, depois de ter tosquiado os funcionários públicos
e os pensionistas.
Mas os portugueses suspeitam que o governo já andou a cavar
essa terra e ela não deu colheita capaz, provavelmente porque o governo cava
mal; isto é, cava só onde a terra é mole
- na rija não mete enxada. E, com as mãos mimosas e nada calejadas dos senhores
ministros e secretários de Estado, vai continuar a cavar mal, acha o povão. E
então, como diz Frasquilho, vai ser "caso disso", ou seja, vai-se "ao lado da receita para que a austeridade que estava decidida e os cortes
que estavam decididos possam ser substituídos". Voilá!
Do Acórdão do tribunal Constitucional pode dizer-se
que foi pior a amêndoa que o sabonete. Antes, o governo tosquiava só alguns
Zés; agora, vai tosquiá-los todos e cortar também nos serviços de saúde e na
educação.
Abençoado Tribunal Constitucional!
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