Fernanda Câncio é jornalista, segundo dizem, e escreve no
"Diário de Notícias" à Sexta-feira—escreve, e bem,
acrescente-se. Infelizmente, como sou um homem muito ocupado a ler as glórias das
letras dos nossos media, raramente leio a Fernandinha, do que me penitencio agora
e aqui. Mas hoje li—prontes, li.
E que li eu? Um naco de prosa de fazer chorar as pedras
da calçada, sim senhor. Mas a respiração sustive-a quando cheguei à parte que
transcrevo a seguir, destacada.
[...] Há até quem creia que a aparatosa incompetência do
ministro das Finanças, a sua incapacidade de acertar uma única previsão ou
cumprir uma única meta redobrando a seguir a dose da mesma receita falhada é,
só pode ser, parte de um plano diabólico para nos deixar a todos tão de joelhos
com sucessivos aumentos de impostos que o corte das funções sociais do Estado
nos surja como "única saída". [...]
Aí está! Já alguém tinha tido a lucidez de fazer tal
análise? Ninguém! Mas Fernandinha fez e acendeu a candeia que deu luz aos olhos
dos portugueses. Sim, porque, como diz brasileiro, tem português que é cego.
Fernandinha é um caso típico de delírio socialista e
surrealista. Devia abandonar o jornalismo, onde já atingiu o ápice da carreira,
está bom de ver, e dedicar-se à ficção porque pensar que uns nabos como Passos
Coelho e Vítor Gaspar são capazes de engendrar uma trama—para não dizer
trampa—daquelas é digno duma mente criativa mais apurada que Dickens, que cita
na peça magistral de hoje.
...
Sem comentários:
Enviar um comentário