sexta-feira, 2 de novembro de 2012

A TRAMA SEGUNDO CÂNCIO

.

Fernanda Câncio é jornalista, segundo dizem, e escreve no "Diário de Notícias" à Sexta-feira—escreve, e bem, acrescente-se. Infelizmente, como sou um homem muito ocupado a ler as glórias das letras dos nossos media, raramente leio a Fernandinha, do que me penitencio agora e aqui. Mas hoje li—prontes, li.
E que li eu? Um naco de prosa de fazer chorar as pedras da calçada, sim senhor. Mas a respiração sustive-a quando cheguei à parte que transcrevo a seguir, destacada. 

[...] Há até quem creia que a aparatosa incompetência do ministro das Finanças, a sua incapacidade de acertar uma única previsão ou cumprir uma única meta redobrando a seguir a dose da mesma receita falhada é, só pode ser, parte de um plano diabólico para nos deixar a todos tão de joelhos com sucessivos aumentos de impostos que o corte das funções sociais do Estado nos surja como "única saída". [...]

Aí está! Já alguém tinha tido a lucidez de fazer tal análise? Ninguém! Mas Fernandinha fez e acendeu a candeia que deu luz aos olhos dos portugueses. Sim, porque, como diz brasileiro, tem português que é cego.
Fernandinha é um caso típico de delírio socialista e surrealista. Devia abandonar o jornalismo, onde já atingiu o ápice da carreira, está bom de ver, e dedicar-se à ficção porque pensar que uns nabos como Passos Coelho e Vítor Gaspar são capazes de engendrar uma trama—para não dizer trampa—daquelas é digno duma mente criativa mais apurada que Dickens, que cita na peça magistral de hoje.
...

Sem comentários:

Enviar um comentário