É superstição acreditar na eficácia das orações? Depende do ponto de vista—para o crente com fé é espectável que o curso dos acontecimentos seja modificado por um ser sobrenatural a quem isso é pedido; para o ateu, tal espectativa não tem sentido, perguntando se a mais repetida prece—"Deus salve o Rei"—se traduziu alguma vez em maior longevidade dos monarcas ingleses. A questão, como tudo que diz respeito a religião, é complicada porque envolve posições extremadas com base no sim e no não sem possibilidade de prova.
Perguntar-se-á se não estão feitos estudos científicos
sobre a eficácia da oração. Estão, mas a interpretação é difícil porque dizem respeito
sobretudo a problemas de saúde que podem ser influenciados pelo efeito psíquico
da oração, feita pelo próprio ou por terceiros, actuando como efeito placebo.
Por outro lado, no que se refere a fenómenos naturais—tempestades,
terramotos e coisas assim—não há dados, embora se pense serem os resultados aleatórios.
Mas há um ensaio, realizado por investigadores da
Universidade de Columbia, com resultado surpreendente. Numa clínica de fertilidade da Coreia, as
mulheres com pretensão a engravidar foram divididas em dois grupos. Para um
deles organizaram os investigadores nos Estados Unidos um grupo de crentes que
rezavam para que engravidassem, dando-lhes a fotografia das mulheres. Para o
outro não foi feita qualquer diligência religiosa conhecida. Nenhuma das
mulheres sabia que o ensaio estava em curso. Os dados finais mostraram que as
mulheres por quem tinham sido feitas orações tinham engravidado numa
percentagem de 50%, versus 26% apenas do outro grupo.
É uma amostra única e o resultado pode ser atribuído ao
acaso, mas a diferença é estatisticamente significativa. São ensaios cuja
realização é muito simples e deviam ser feitos mais. Com a ortodoxia religiosa
e ateia é que não nos governamos.
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