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Falava ontem da morte, da sua necessidade biológica e da existência de mecanismos genéticos de
controlo do fenómeno da senescência e da própria morte. Mas o sonho do homem
sempre foi erradicar a doença e prolongar a existência, idealmente até ao
infinito, fenómeno contra naturam.
No último século, o sonho começou a perfilar-se no
horizonte. Com a descoberta da estrutura dos genes e dos mecanismos que
controlam o envelhecimento e a duração da vida, através da engenharia genética
tenta-se anular esses mecanismos e atrasar, quando não parar, o relógio
orgânico. É bem possível que o primeiro ser humano que viverá até aos 150 anos
já tenha nascido. E, com o controlo da doença, porque não 200, 300, ou 500?
A perspectiva tem implicações biológicas, éticas,
sociológicas e teológicas, para referir só estas. O objectivo é aparentemente
louvável, a consequência prevê-se catastrófica. É a ameaça de Malthus elevada à
enésima potência. Como gerir o superpovoamento da Terra e como organizar a
sociedade com uma população activa até muito mais tarde? E com que autoridade
moral nos opomos à possibilidade de aumentar a longevidade e prevenir a doença?
São hipóteses sem base real? Serão?
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