Hora do jantar e o telefone toca. Atendo e ouço um
pacóvio intitular-se mandatário da candidatura de António Costa,
acrescentando que precisa da ajuda de todos. Digo que não estou interessado,
mas continua a falar como se não ouvisse e eu também já não ouço. Volto a dizer
não sem resultado, desligo o telefone.
Trago quase sempre o telemóvel desligado para não aturar
o marketing do pessoal dos call centers. Estão a ganhar a vida que está
difícil, mas tudo tem limite—falam hoje, digo não, dificilmente "descolam";
amanhã fala outro do mesmo sítio, exactamente com a mesma conversa, digo não, dificilmente
descola; depois de amanhã idem; idem; idem. Não atendo chamadas não
identificadas no fixo, mas aturo os mandatários do Dr. António Costa e
similares. Há tempos, uma a quem respondi a um inquérito de satisfação,
perguntou-me qual era o rendimento global anual do meu agregado familiar.
Um dia destes perguntam se uso cuecas ou ceroulas, se lavo os dentes ou uso
capachinho.
Telefonam à hora do almoço e do jantar; falta falar à noite, quando estamos na cama. É boa hora porque a probabilidade de nos
encontrar é grande. Quem nos acode?
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