sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

INTELIGÊNCIA COLECTIVA

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Em cima da minha secretária, enquanto escrevo, estão dois artefactos mais ou menos do mesmo tamanho e forma: um deles é um rato sem fio; o outro, um biface do Mesolítico, com meio milhão de anos. Ambos foram concebidos para caberem na mão humana—para obedecer às limitações de serem utilizados por seres humanos. No entanto são muito diferentes. Um é o resultado complexo de várias substâncias, com um intrincado planeamento interno que reflecte diversas áreas do conhecimento. O outro, uma só substância que reflecte a mestria de um só indivíduo. As diferenças entre ambos mostram que a experiência humana de hoje é muitíssimo diferente da experiência humana de há meio milhão de anos. [...]

[...] Olhemos de novo para o biface e para o rato. Foram ambos feitos pelo homem, mas um foi feito por uma só pessoa, enquanto o outro foi feito por centenas de pessoas, senão mesmo milhões. É a isso que me refiro quando falo de inteligência colectiva. A pessoa que o montou, na fábrica, não sabia como perfurar o poço petrolífero que permitiu a produção do plástico e vice-versa. A determinada altura a inteligência humana tornou-se colectiva como não aconteceu com qualquer outro animal. [...]

Matt Ridley in "O Optimista Racional"

Matt Ridley é um jornalista inglês, membro conservador da Câmara dos Lordes, autor de vários livros de ciência, o último dos quais intitulado "O Optimista Racional" de onde se transcreveram as passagens em cima. Ridley já vendeu mais de meio milhão de cópias dos seus livros, traduzidos em mais de 25 línguas. Aconselho vivamente.
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