terça-feira, 11 de novembro de 2014

É INCONSTITUCIONAL

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A Câmara Municipal de Lisboa vai criar uma "taxinha" para quem desembarcar e para quem dormir na cidade. É o género de iniciativa que os humoristas adoram e faria carreira no teatro de revista do Parque Mayer, se ainda fosse vivo.
Fernando Medina, autor da rábula e putativo sucessor de Costa, não tem mãos a medir para responder a milhares de interrogações, da rádio, da televisão, dos jornais, de juristas e dos políticos de outros partidos. Hoje, no meio de cerrado interrogatório, disse:

Não consigo garantir de todo que não possa haver cidadãos portugueses a pagar esse euro. É algo que nunca poderei garantir, que nunca conseguirei garantir, porque não podemos simplesmente fazer um inquérito a cada português e indagar os motivos por que cá estão. (sic)

Aqui chegado, uma dúvida assalta o meu encéfalo: será que os lisboetas de gema e os adoptivos cá residentes também vão pagar a taxinha para dormir? Medina não tem possibilidades de saber porque motivo eles dormem cá; ipso facto, Medina taxa-os.
Tal alcavala vai custar 365 euros por ano aos moradores em Lisboa, excepto nos anos bissextos que custará 366. Isto no caso de não dormirem a sesta. Em tal circunstância, que é o meu caso, a alcavala pode ascender a 730 ou 732 euros anuais, respectivamente. Estão a ver?!
E também não está previsto o procedimento a adoptar em caso de insónia. A lei é omissa nesse aspecto. Poder-se-á apresentar um atestado médico confirmativo da situação? E, em caso afirmativo, para quantos dias de isenção dá o atestado?
E aqueles que andam a dormir na forma dia e noite? Aplica-se-lhes um coeficiente de agravamento? Esta situação é a mais grave porque vai atingir a quase totalidade da população.
A lei está mal feita. Pode ser boa, mas está mal feita, prontus. E mais: cheira-me a que é inconstitucional. Não tenho uma Constituição da República aqui à mão, mas deve lá estar que dormir é um direito fundamental, seguramente mais importante que o trabalho. Ninguém pode ser privado de roncar. Olaré!
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