terça-feira, 4 de novembro de 2014

SR. FELIZ E SR. CONTENTE

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 Há  muitos anos Herman José e Nicolau Breyner tinham um mano-a-mano cujo muito oportuno humor e a corrosiva verve bebiam na melhor tradição do teatro de revista. Era tão popular que o país se apoderou do Sr. Feliz e do Sr. Contente, e as duas personagens andavam de boca em boca. Quase quarenta anos depois, irromperam em Portugal um senhor tão contente e um cavalheiro tão feliz que me lembrei do Nicolau e do Herman. Hélas, não tenho engenho e arte para caricaturar, já que tais personagens não pedem senão isso mesmo: uma demolidora caricatura. Pode ser que alguém se lembre, eu ofereço o guião.
Falo de Bagão Félix e de Silva Peneda, pois raramente se viu alguém tão feliz e alguém tão contente.
Para começar, com eles próprios, o que torna o caso intrigante. Esfuziam de felicidade com as suas próprias prestações na media, sem lhes ocorrer que o país assiste a elas – quando assiste – entre o pasmo e a pena. Afogam-se de contentamento com as coisas que dizem, ideias que têm, iniciativas que promovem. Não se trata – como apressadamente a má-fé vigente já estará a acusar-me – de “eles terem o direito de pensar o que querem”. Trata-se de não terem o direito de lesar o país, confundindo, enganando, iludindo irresponsavelmente quem os ouve, através das “certezas” que apregoam e das esperanças que vendem. [...]

Assim começa uma crónica de Maria João Avillez no "Observador". Pode ler o texto completo aqui. Vale a pena.

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(Com colaboração de F. Menezes Brandão)
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