segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ÉTICA REPUBLICANA OUTRA VEZ

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Declaração de interesses: Por razões que estão claras no texto que se segue, não sou monárquico.

Não acredito em nenhum regime político, seja republicano ou monárquico, socialista ou democrata cristão, comunista ou capitalista, ou o que quiserem, sem ver. Tanto me dá que seja uma coisa ou outra; o que me dá é que seja decente, competente, eficaz, tolerante, justo, respeitador das pessoas e por aí fora. Se António Costa for melhor que Passos Coelho, venha António Costa. Se houver melhor que Costa, mando Costa bugiar. Fazer opções políticas não é escolher um clube. Ou melhor, não devia ser, mas é quase sempre.
Vem esta lengalenga a propósito de quê?—perguntar-se-á. Vem a propósito dum título de jornal que acabo de ler, está chapado aí em cima e é inaceitável; como aliás acontece com a conversa de alguns jornalistas, políticos e outros papagaios.
Reuniram-se em Paris muitos milhares—talvez milhões—de pessoas para manifestar repúdio pela ignóbil matança levada a cabo por três facínoras sem lugar na classificação de Lineu, numa redacção de jornal e numa mercearia judaica daquela cidade. É bom que tivesse ocorrido uma manifestação com tal dimensão porque significa isso ainda haver gente decente e generosa. Estavam representantes de muitos países, uns que são repúblicas, talvez a maioria, outros que são monarquias, como o Reino Unido, a Espanha, a Jordânia, eventualmente outros, e alguns que são inqualificáveis mas neste caso isso nem interessa. Pois a marcha foi republicana!
Se havia ocasião para pôr de lado a trampa do clubismo político que tão maus resultados tem dado e em nome do qual se tem cometido crimes hediondos, essa ocasião era ali e naquele dia. Mas não! Os republicanos reclamam para si o direito exclusivo de representar as pessoas rectas, correctas e selectas e não abdicam de tal direito. Ponto. Aliás, até a ética é republicana—não há ética nas monarquias do mundo. A República Popular Democrática da Coreia é ética; o Reino da Dinamarca não é.
Sabem o que acho? Acho que os republicanos podiam ir à merda mais a ética deles.
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