domingo, 31 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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PAÍS QUASE TROPICAL

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RETRATO

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EINSTEIN SABIA

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Quem tem pouco que fazer pode dar-se ao quase luxo—talvez mesmo luxo—de pensar coisas esotéricas. É o meu caso! Por exemplo, pensar que os valores morais, sociais, políticos e por aí fora, sempre mudaram com o tempo. Consequentemente, os valores actuais também são provisórios e vão mudar. Serve esta conversa para perguntar o que é hoje aceitável mas vai deixar de o ser dentro de 50 anos.
Provavelmente, milhares de coisas vão mudar, algumas de todo insuspeitas no actual estado dos nossos encéfalos. Há uma que me põe os neurónios frequentemente a bater válvulas, já referida várias vezes neste espaço quase tão fértil intelectualmente como os discursos do Nóvoa: a predação praticada pelo homem.
O Homo sapiens, como é sabido, é um alarve—além de liquidar os irmãos peixes, aves, mamíferos, moluscos, batráquios, répteis até, dá-se ao requinte de os criar com carinho para depois abater sumariamente, usando doses variáveis de crueldade, para se empanturrar com bifes do lombo, iscas de fígado, leitão assado, franguinho da Guia, dourada grelhada, ou coxas de rã. Tal prática, tenho a certeza, vai ser considerada mais inaceitável, insuportável, intolerável e maldita do que é hoje a antropofagia.
O caminhoestá mais que vistovai ser a produção in vitro de costeleta de borrego, orelha de porco, bife do acém, lombinho de linguado e miolos de vaca; ou seja, em grandes máquinas industriais donde sairão quilómetros de tais vitualhas para enrolar em cilindros iguais aos dos cabos eléctricos e da fibra óptica.
Eventualmente, haverá distribuição doméstica canalizada, à semelhança da actual distribuição de água, com contadores e tudo. O cidadão chega a casa, tira o casaco e veste o roupão, calça as pantufas, lava as mãos, escolhe o  menu no catálogo do contador, pega no prato, abre a torneira e serve-se à vontade, em função do apetite e da disponibilidade financeira.
Dirão que a coisa é degenerescência civilizacional, mesmo cultural. Talvez seja. Mas suspeito que o homem das cavernas, a cozinhar no fogo dos cavacos à porta da toca, se ouvisse falar do que comemos agora, de como cozinhamos e das nossas cozinhas, também ia achar o fenómeno degenerescência cultural.
Tudo é relativo—Einstein sempre!
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'BEE RELOCATORS'


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Na Índia há especialistas em remover as colmeias que as abelhas constroem nos prédios— bee relocators. Fazem-no sem qualquer protecção, como faz o senhor Karthik neste vídeo. Desde que a abelha-mestra não seja molestada, não há risco, dizem. A remoção desta fica para o fim, como se vê a partir do minuto 4:40. Todas as colmeias são transferidas para espaços verdes. 
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O BIGODE

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PORQUE VOTO "da NÓVOA"

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O prof. da Nóvoa deseja que os portugueses travem "um amplo debate" sobre a Europa. É igual a discutir a FIFA na assembleia geral do Olhanense: não se espera que a Europa trema.

O prof. da Nóvoa prestará "atenção especial ao combate à corrupção e à promiscuidade entre a política e os negócios". Presumivelmente, ainda não acredita que será o candidato do PS.

O prof. da Nóvoa propõe um "compromisso claro na luta contra a pobreza e contra o aumento das desigualdades". É o modelo grego ou, na versão tropical, "bolivariano", que em geral acaba com a classe média de rastos e a igualdade obtida na partilha da miséria.

O prof. da Nóvoa defende que "um presidente pode ser muito mais do que tem sido, (...) pode ser alguém que junta, que une, que abre o futuro quando caminha ao lado das pessoas". Curioso: se alinharmos umas palavras a seguir às outras forma-se qualquer coisa semelhante a uma frase.

O prof. da Nóvoa assume que "ser poeta também é essa inabilidade para o mundo do lucro". Tradução: de lirismo em lirismo até ao prejuízo final.

O prof. da Nóvoa admite ser um candidato que "incomoda muita gente". O termo adequado é embaraça. Embaraça.

A conclusão a que cheguei é que o prof. da Nóvoa é de facto uma inteligência superior. A quem? No mínimo, aos espécimes que o levam a sério—os que fingem levá-lo a sério por estratégia ou gozo não contam.

Alberto Gonçalves in "Diário de Notícias"
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sábado, 30 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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FOTÓGRAFO TEM MÃO FIRME

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A TURISTA ANÓNIMA

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SER PINÓQUIO

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Mentir é dizer o que não é verdade, o que não se pensa, enganar, não cumprir o prometido, blá, blá, blá. Todos sabemos o que é mentir sem ir ao dicionário. Sabemos talvez melhor que o dicionário, embora ele, às vezes, também minta. A ideia agora não é apurar isso, mas antes considerar o lado ético da mentira.
Comece-se por constatar que a mentira está muito mal vista. Já vem da Bíblia o labéu: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo"; "Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor, mas os que praticam a verdade são o seu deleite"; "O que profere mentiras não estará firme perante os meus olhos", e por aí fora. Não sou grande especialista em estudos bíblicos (nem grande nem pequeno), mas é fácil perceber que a mentira é uma das preocupações do texto, vista como falha ética grave.
Em boa verdade, não estou completamente de acordo porque há casos e casos. Não se pode dizer à puérpera, orgulhosa do filho recém-nascido, que a criança é um horror, mesmo que seja mais feia que Robert Mugabe; nem dizer a uma jornalista que cheira mal porque não toma banho, mesmo sendo essa a circunstância. Mas esses são casos limite e, por isso, vou contar uma história.
A mãe duma jornalista americana tinha 96 anos, estava praticamente cega—só distinguia vagamente a claridade da escuridão—e vivia sozinha, longe dos filhos, residentes em Brooklyn. Um dia a filha disse-lhe que ela devia mudar-se também para Brooklyn e a senhora aceitou ir mas queria um apartamento com vista para o mar. O problema era fácil de resolver, pois podia ser instalada numa água furtada com vista para um qualquer saguão, bastando que, quando os filhos a visitassem, lhe falassem dos barquinhos a passar, nas enormes ondas desse dia, na actividade dos salva-vidas e outras endrominices que tais.
A filha ficou presa num dos maiores dilemas da sua vida e, alguns dias depois, disse-lhe que não podia suportar a despesa de um apartamento com vista para o mar. A velhota sorriu e disse: Não tem importância—de qualquer maneira, estou cega... Ficou tudo resolvido com um apartamento qualquer.
Para que serve esta história? Serve para mostrar que a mentira tem muitas facetas. Diz-se, por exemplo que há mentiras piedosas—e talvez haja—mas quando são elas virtude? A filha desta senhora ia passar o resto da vida dela com o problema daquela mentira, sem necessidade, e fazia-o, aparentemente, por uma boa causa, afinal inútil. E quantas mentiras há que, sendo-o, não aquecem nem arrefecem. É o fulano que diz ter um casarão na província quando tem uma palhota, ou que foi campeão de bisca 5 anos seguidos em Alguidares-de-Baixo, ou que o pai teve um hotel de 5 estrelas em Piccadilly Circus antes da II Guerra, ou que a mãe fazia todos os vestidos para a princesa Soraya, mulher do Xá da Pérsia. É uma necessidade psicológica para alguns se aliviarem, da mesma maneira que têm de ir periodicamente à retrete; com a vantagem do alívio mentiroso não produzir mau cheiro—é inodoro.
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FRASE DO MÊS

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    A Presidência da República 

    não é o local ideal para se 

   perder a virgindade política.
 

     Vítor Bento 

UM PAÍS TROPICAL

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A PELE DO LEOPARDO


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Lê-se hoje num jornal, em letra de forma do tipo "calibri", preta em fundo branco, o seguinte trecho:

[...] A acusação do Banco de Portugal a 18 gestores e entidades ligadas ao GES é categórica: "Em junho de 2011, no processo de encerramento das contas intercalares com referência a 31/05/2011, Ricardo Salgado solicitou a José Castella e a Francisco Machado da Cruz [funcionários da ESI], que, por sua vez, solicitaram a Pierre Butty [funcionário da ES Services], a introdução de um conjunto de alterações ao projeto de demonstrações financeiras elaborado pela ES Services, que permitiram gerar os resultados necessários para que fosse pago um dividendo extraordinário aos acionistas da ESI no valor de 18,228 milhões de euros." [...]

E a seguir:

[...] Como os cinco ramos da família Espírito Santo tinham 53,1% do capital da ESI, receberam mais de metade dessa verba. O valor restante foi destinado aos outros acionistas da ESI. [...]

O drama acaba aqui, infelizmente. Digo isto porque o referido se afigura, não como o fim do primeiro acto de um drama de faca e alguidar, mas como o seu epílogo.
Segundo os dicionários, epílogo—do grego epilogos—é o remate de uma obra literária, escrito para dar a conhecer o fecho dos acontecimentos relatados e o destino final das personagens da história. Tal e qual.
O Dr. Ricardo Salgado, mais os seus causídicos—pagos pelo seu peso em ouro elevado à décima quinta potência—se encarregarão de arrastar o processo em todas as instâncias judiciais, Juízo Final incluído, em processo que será dado como encerrado quando o filme da macabra história já tiver sido arquivado nas caves da Cinemateca Portuguesa, eventualmente ao lado de peças idênticas sobre Alves dos Reis e outra rapaziada afinada da mesma arte e igual quilate.
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SEM TÍTULO

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sexta-feira, 29 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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RAPHAEL BORDALLO PINHEIRO

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(Do primeiro número de "A Paródia")

(Com colaboração de António-Pedro Fonseca)
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RETRATO

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NOVES FORA, NADA

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A palavra nada existe—em português e em muitas outras línguas: nothing, niente, néant, nadie e por aí fora. O que significa nada? Aqui, a porca torce o rabo. É nada a ausência de tudo? Não é, porque ausência é qualquer coisa e o nada não contempla sequer o conceito de ausência. É nada o zero? Também não porque zero é uma ideia matemática que existe e, por isso, não pode ser nada. Rebabá...
Então, existe a palavra nada, mas ela não exprime ideia, crença, fé, ou conceito. Até o ser do Sporting não é nada, embora ande lá perto. Nem sequer se pode dizer que nada significa nada, porque seria pleonástico, nem que não significa nada, o que era contradição. Conclui-se que o homem criou uma palavra sem significado, totalmente inútil, mas que continua a usar alegre, calma e frequentemente.
Na realidade, o nada da linguagem coloquial não é verdadeiramente nada—é apenas nada, pouco mais ou menos. Dizemos "não percebo nada disso", o que é impossível porque se percebemos que não percebemos, já percebemos alguma coisa e alguma coisa não é nada. Neste exemplo o nada significa perceber muito pouco, mas não nada. E a expressão quase nada é outro aborto—como se pode estar perto duma coisa que não serve de bitola porque não existe?
Está a perceber o que quero dizer? Não está?!!!.... Eu também não. Mas penso muito nisto nas noites de insónia.
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WIND—IT MEANS THE WORLD TO US

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LEVAR BANANAS PARA A MADEIRA

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Sabia que há neste momento investigadores a mandar gelo dos Alpes, do Himalaia e de outros locais mais ou menos fresquinhos para a Antárctica? É verdade! À primeira vista, parece estúpido—é como levar bananas para a Madeira, dir-se-á. Contudo, não está mal pensada a coisa.
O gelo dos glaciares formou-se há muitos anos—milhares. Quanto mais profundo, mais antigo, naturalmente, porque os glaciares crescem—ou cresceram—de baixo para cima e não ao contrário. Com perfuradores cilíndricos e ocos, consegue-se extrair "chouriços" de gelo com 10 cm de diâmetro a 130 metros de profundidade. E daí?—perguntar-se-á com razão.
Daí que o gelo é um depósito extraordinário de fósseis (de seres vivos, naturalmente) e informação sobre a composição do ar e compostos e corpos nele presentes quando da formação do dito gelo. Há lá pólenes e outros vestígios de vida, oxigénio, dióxido e monóxido de carbono, azoto e muitas outras coisas impensáveis, ou que eu não penso agora porque não sei. O facto é que os investigadores conseguem reconstituir cenários do clima, da fauna, da flora, das características do ar, rebabá, do tempo do rascunho da Bíblia e de muito antes, estão a ver?
Acontece que vivemos numa fase em que a temperatura do planeta está a aumentar—cuja causa não cabe agora discutir—e o degelo daí resultante vai, literalmente, derretendo informação. Por isso, os investigadores das mais variadas áreas, desde climatologistas a biologistas, arqueologistas, palentologistas e outras artes terminadas em logistas, procuram salvar gelo de glaciares em risco levando-o para a Antárctica, o melhor congelador do planeta, armazenando-o a 10 metros de profundidade num depósito com 50 graus negativos. Bem pensado, sim senhor. De vez em quando, podem lá ir, tirar uma catota de gelo correspondente a determinada profundidade e saber o que se passava no Himalaia, no Monte Branco, nos Andes, talvez em Alvalade quando o Sporting foi campeão a última vez, e por aí fora.
Pode ler o que acabo de narrar—naturalmente com menos brilho, como era de esperar—num belo artigo do site da BBC, aqui. As imagens são ilegalmente tiradas de lá. Não diga nada à BBC.
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A LÍNGUA PORTUGUESA É TRAIÇOEIRA

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AMIGO DA ONÇA

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quinta-feira, 28 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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A ARISTOCRACIA VOADORA E EU

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Leio que o presidente do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil se demitiu, facto que lamento com sinceridade. Depois da extraordinária performance do referido Sindicato há duas semanas, em que os pilotos conseguiram infligir um prejuízo de 30 milhões de euros à TAP, estava eu esperançado que viesse rapidamente outra greve para eliminar radicalmente o cancro também conhecido por Air Portugal, neoplasia que vai ajudando à morte da Pátria por consumpção.
Imaginem que vem agora outro presidente que não faz mais greves! Não pode ser! Assim, o cancro nunca mais é erradicado e as nossas algibeiras já não têm cabedal para sustentar aéreos aristocratas sindicais.
Portanto, a palavra de ordem é: ACABAR COM A TAP—JÁ!... NEM MAIS UM EURO PARA AS CAIXAS VOADORAS!
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UM GRANDE ESTILO

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INFORMAÇÃO INÚTIL

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A pergunta é: Como conciliar a desinformação com o direito de livre expressão? 
É claro que todos estão a pensar o mesmo: a liberdade de expressão, como todas as liberdades, tem limites; e, assim sendo, a desinformação deve ser contida.
Para isso, temos dois caminhos—talvez mais, mas não tenho a certeza—de conter a desinformação: antes ou depois de ser divulgada.
A via preventiva, actuando antes de ser publicamente expressa, configura censura. A China ainda hoje assim procede, alegando ser o meio mais eficaz de evitar a calúnia, a mentira, o insulto, o prejuízo injusto, a agressão imerecida. É clássica nas ditaduras, particularmente nos regimes comunistas. Naturalmente, serve para calar vozes incómodas por quem tem o poder de decidir o que é informação e desinformação.
A acção de contenção depois do facto consumado, é aparentemente menos propícia à arbitrariedade, mas implica o ónus da reacção de quem é vítima, podendo a vítima ser um indivíduo ou indivíduos concretos, mas também entidade dificilmente capaz de reagir, como uma crença religiosa, uma teoria filosófica, ou uma categoria profissional atacada abstractamente, o que inviabiliza quase sempre a contestação pública. E mesmo quando esta se verifica, é mais que provável que não tenha qualquer efeito corrector.
Aqui chegados, conclui-se que o melhor é não ser vítima da desinformação, situação que não está nas mãos de ninguém controlar. O melhor, em boa verdade, é ter sorte, mas não deixa de ser inquietante que seja assim.
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COMEÇA A FESTA

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Depois de uma viagem directa de 4.936 milhas náuticas (9.148 km), os bólides da Volvo Ocean Race chegaram a Lisboa e descansam agora em terra firme do balanço do mar, enquanto o pessoal da limpeza lhes lava o rabo, os encera e enverniza. São só mimos; merecidos, acrescente-se. É a festa que começa, pá!




Proas que já cortaram muitos milhões de lágrimas de Portugal
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ONDE RAIO JÁ OUVI ISTO ?

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Surfava eu descuidadamente na Net, quando cai na pantalha um trecho que me lembrou alguém (peço desculpa pelo estilo, mas é o adequado para a circunstância, como se verá adiante).
A folhas tantas do dito trecho, lê-se que Houaiss define a palavra acaciano como o que se mostra afectado, ridículo pelo uso de formas convencionais ao falar, ou pela maneira pomposa de ser. E acrescenta, a respeito de Acácio: Figura que se tornou célebre  como representação da convencionalidade e mediocridade dos políticos e burocratas portugueses dos finais do Século XIX, sendo até à actualidade utilizada para designar a pompa balofa e a pseudo-intelectualidade, utilizada por muitas figuras públicas portuguesas. Acácio expressava-se sempre com chavões e frases vazias que, ou remetiam a um lugar comum, ou simplesmente não diziam nada.
Tive a sensação de estar a ler de novo, no "Observador", o comentário de Helena Matos sobre alguém que já não me lembro quem era. Mas não! Era a prosa de um blogger basileiro editor duma página sobre futebol, política e cachaça—tal e qual: futebol, política e cachaça!
Inexplicavelmente, fui assaltado por frases que nunca ouvi ou li em parte nenhuma, frases como "Não vou fazer da omissão um estilo, da ausência um método e do silêncio um resguardo"; "Um Presidente pode ser muito mais do que tem sido, pode ser um de nós, pode ser alguém que junta, que une, que abre o futuro quando caminha ao lado das pessoas"; "A política não serve para justificar inevitabilidades mas sim para dar o exemplo e para abrir caminhos, considerando que é preciso acreditar porque não se pode deixar que a esperança emigre também; "Não quero ver a minha Pátria à beira de um rio triste", e por aí fora.
Onde raio fui eu buscar isto? Já li o Primo Basílio e não me lembro de ser de lá. Será que ando com alucinações acacianas? Fiquei preocupado e amanhã mesmo vou marcar consulta para o Professor Karamba.
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quarta-feira, 27 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS

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PENSAMENTO PARA HOJE

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SOMBRAS

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DEVAGAR SE VAI AO LONGE

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Alex Gourevitch é professor de Ciência Política na Universidade Brown, em Rhode Island, nos Estados Unidos, e escreveu  há tempos o seguinte: "O socialismo, como possibilidade, existirá enquanto o capitalismo for uma realidade". Do alto da minha ignorância em matérias destas e não só, não posso estar mais de acordo.
Mas Gourevitch explica mais. O socialismo no estado embrionário, tal como concebido no fim do Século XVIII e princípio do XIX pelo galês Robert Owen e pelo francês Charles Fourier, era a mera associação voluntária de proprietários que colaboravam no trabalho da terra e distribuíam o lucro da produção de forma igualitária. A ideia era eliminar a pobreza e combater a criminalidade, ao racionalizar o esforço laboral. No fundo tal socialismo resumia-se a cooperativismo.
Hoje, tal ponto de vista surpreende, pois todos associamos socialismo a estado e não a comunidades voluntárias, o que configura deturpação de uma boa e generosa ideia. O estado socialista foi uma invenção de gente como Louis Blanc e Karl Marx que partiram da sinistra ideia, não de que a propriedade privada era má em si, mas de que era controlada de forma monopolista por uma classe particular e que a única solução para transformar a sociedade era tomar de assalto o poder e expropriar a classe capitalista, se necessário à cachaporrada.
O generoso pensamento de Robert Owen e Charles Fourier acabou por dar lugar a coisas sinistras como os regimes de Stalin, Mao, Kim iL-Sung, Fidel e mais uns tantos figurões que são a vergonha da humanidade.
O socialismo, como diz Gourevitch, não pode ser uma teoria política "contra qualquer coisa", pecha dos socialistas—e já não estou a falar de "abortos" socialistas como o estalinismo, o maoismo, rebabá. Estou a referir-me à vontade estatizante dos governos que nunca gerem nada capazmente, como está á vista na TAP, no Metro e na Carris e esteve à vista nos Estaleiros de Viana do Castelo.
O capitalismo instalou-se nas sociedades naturalmente, fisiologicamente, quase pacificamente. Tem imensos defeitos que precisam de muita grosa para o desbastar; mas o caminho é esse, com bons modos e aceitação maioritária, não com teorias/conversas de encher chouriços misturadas com ética republicana a cheirar a bafio e outras trampas que tais.

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A COR

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S. VICENTE E O AR ENCHE-BEXIGA

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O ar de Belém é conhecido universalmente por ser muito forte. Ali encheram os pulmões grandes vultos da nossa gesta marítima antes de partir em demanda de Preste João e da Terra de Santa Cruz. Como todos os tónicos com actividade farmacodinâmica potente, não está isento de efeitos colaterais,  entre os quais ressalta a notória propriedade diurética, qual torneira aberta na canalização urinária. Se tal se afigurava útil nas naus e caravelas dos descobrimentos, para baldeação dos conveses, por vezes torna-se um embaraço na exploração turística. Veja-se na fotografia em cima a bicha de espera no serviço de recepção de efluentes mijatórios, mesmo ao lado da Torre de S. Vicente, olho do fenómeno das micções diluvianas.
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RECORDAR É PERCEBER

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No dia 7 de Maio de 2010, tempo de glória nacional em que o País tinha o privilégio de ser governado por um indígena—iletrado mas inspirado—de Vilar de Maçada, publiquei um post com excertos de um artigo do jornal "Expresso" que pode ler aqui. Vale a pena recapitular para perceber que os eventuais crimes por ele praticados, agora em apreço pela Justiça, constituem motivo menor para o condenar. Os factos mencionados nos referidos excertos é que justificariam metê-lo num calabouço a pão e água, ou condená-lo às galés, para onde já devia ter ido. Leia e perceba.
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terça-feira, 26 de maio de 2015

OS GRANDES VELEIROS


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PENSAMENTO PARA HOJE

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RETRATO

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VIVER COM GOSTO

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