domingo, 31 de janeiro de 2010

PINGOS DE LISBOA

.
.

DESPORTO DE PÉ DESCALÇO

O pé do antepassado do homem servia preferencialmente para trepar às árvores. Não eram só as características do dedo grande, mas toda a configuração do esqueleto estava vocacionada para tal. Era o pé de um ser que se deslocava na floresta, muito na vertical e pouco na horizontal.
O primeiro pé típico de bípede, servia para pouco mais que a postura erecta e para andar. O desaparecimento parcial da floresta em África deu origem à savana, onde os nossos antepassados começaram a caçar, correndo atrás das presas. Embora corredores lentos, em comparação com a generalidade das presas, levavam a melhor porque, sem pêlo, conseguiam correr mais tempo até ter a caça completamente exausta pelo calor. Isso condicionou a evolução do pé para permitir a corrida lenta, mas prolongada. A corrida de fundo é, portanto, própria do homem; a corrida em velocidade é contra naturam.
Esse ser, naturalmente, corria descalço. E o corredor descalço, ao terminar cada passada, cai sobre a parte anterior do pé e amortece com a articulação do tornozelo o impacto, antes de este atingir o calcanhar. Assim acontece ainda hoje com os corredores de fundo africanos que correm descalços.
Com os sapatos de corrida actuais, as coisas modificaram-se. Têm calcanhares muito largos, que amortecem o impacto da passada, e os atletas caem directamente sobre o calcanhar. Os corredores calçados sofrem um único impacto no pé - transmitido ao resto do corpo - três vezes superior ao dos corredores descalços. As sequelas são mais complicadas nos primeiros, como se compreende.
Abebe Bikila, da Etiópia, ganhou a Maratona dos Jogos Olímpicos de 1960 em tempo recorde a correr descalço. Depois de dois milhões de anos a correr descalço, o homem está literalmente a dar os primeiros passos na aprendizagem da corrida com sapatos.
Quem o diz é o Professor Daniel Lieberman, da Universidade de Harvard, ele próprio um corredor, num artigo publicado na revista Nature.

FOTOGRAFIA DO DIA

.
.

VEM AÍ UM LOBO

Dizem as notícias “SAPO” que o investigador Pedro Simas perorou sobre a pandemia de gripe suína. E disse, entre outras coisas:
Pela primeira vez, cientistas e comunidade médica conseguiram chegar aos governos e aos políticos e conseguiu-se um grande ensaio de uma epidemia.
E também:
Sabemos que, se vier um vírus pandémico outra vez, nós já temos capacidade de reacção, porque está tudo implementado.
Pedro Simas não frequentou o jardim de infância. Por isso, não conhece a lenda “Vem Aí Um Lobo”.

Está à venda na FNAC e custa só €10,48.

ELECTRICISTA DESCONHECIDO

.
.

sábado, 30 de janeiro de 2010

SABER NÃO FAZ A CABEÇA GRANDE




No ranking mundial, 56 das 100 melhores universidades são americanas. Nas primeiras 50, estão 37; nas 10 melhores, estão 8; e a primeira não americana, a Universidade de Cambridge, surge em 4.º lugar. Tal traduz enorme superioridade intelectual, pelo menos de percentagem significativa da população. Ainda que essa superioridade seja predominantemente na área das ciências da natureza, é ela que garante a hegemonia planetária à nação americana desde o fim da II Guerra Mundial. Conhecimento e inovação são os instrumentos do progresso.
Mas já não estamos como há uma ou duas décadas atrás, em que tais instrumentos se mantinham acantonados em áreas restritas, beneficiando partes pouco significativas da humanidade. Hoje a inovação difunde quase à velocidade do clique. Levou 55 anos para o automóvel chegar a um quarto da população mundial, 35 para o telefone, 22 para o rádio, 16 para o computador pessoal, 13 para os telefones móveis, e apenas 7 para a Internet, desde que esta foi aberta ao público.
Por outro lado, é progressivamente mais interdisciplinar, exigindo a colaboração dos maiores especialistas de centros de excelência todo o mundo, o que a internacionaliza, evoluindo de regional para global. É o velho chavão da aldeia global ao qual os passivos se acomodam e os empreendedores procuram contornar. Conscientes desta ameaça apontada à sua hegemonia, o Senado e o Congresso dos Estados Unidos encarregaram uma comissão da National Academy of Sciences de estudar as medidas a tomar no sentido de manter a América na vanguarda do progresso científico e tecnológico. As recomendações da comissão, em boa verdade, resumem-se facilmente: educação, educação e educação. Como se diz no relatório, "10 mil novos professores para10 milhões de novos cérebros". Receita fácil!...

.


MARGARET THATCHER E O ANTICICLONE DOS AÇORES


Conta o The Times que Margaret Thatcher subiu ao poder sustentada por ovos – para cima de duas dúzias por semana – e pouco mais. A dieta terá sido indicada por uma clínica chamada Mayo Clinic Diet e prescrevia ovos todos os dias ao pequeno almoço; ao almoço de Segunda a Sexta-Feira; e quase todos os dias ao jantar. Permitia o consumo de whisky nos dias em que não comia carne (quase todos), mas não menciona outras bebidas alcoólicas. Para variar tal monotonia, comia uvas, salada, ou sopa de espinafre.
O regime era para duas semanas, mas Mrs. Thatcher prolongou-o por bastante mais tempo. Os nutricionistas actuais estão horrorizados com tal dieta, coisa que é habitual nos nutricionistas, que são de modas. Sobretudo porque aquela dieta pode causar perturbações gastrointestinais, nomeadamente ventos (wind), mau hálito e prisão de ventre.
Quanto ao mau hálito e aos ventos, não me posso pronunciar porque não privei de perto com a senhora. Mas que tinha cara e feitio de obstipada, isso tinha. Ou então seria do esforço para controlar a ventania!

HIS MAJESTY SHIPS

. .
. .
. .

Agamemnon, de Nelson

Nelson comandou três anos o Agamemnon, de que gostava particularmente. O navio tomou parte na Batalha de Trafalgar, estando Nelson embarcado no HMS Victory (foto pequena)

HISTÓRIA TRÁGICO-CÓMICA

O Ministério da Saúde admitiu ontem estar a renegociar o contrato com a farmacêutica à qual Portugal comprou as vacinas contra a gripe A (GlaxoSmithKline). Ao que o DN apurou, em cima da mesa está a possibilidade de trocar o excedente por outros produtos da GlaxoSmithKline, como vacinas ou medicamentos.
A campanha de vacinação no País, no entanto, está para durar, já que o "vírus não vai desaparecer", alertou ontem o Director-Geral da Saúde, Francisco George. Se o vírus desaparece, Francisco George tem um ataque de nervos, alerto eu!

Keiji Fukuda, conselheiro especial da Organização Mundial de Saúde para a gripe A, considerou que não é justo criticar um País por ter comprado demasiadas vacinas, porque quando foi necessário tomar essa decisão ainda não existiam certezas sobre a gravidade da pandemia! Quem o ouvisse, julgava que existiam!! Ah ganda conselheiro!!!!...Afinal eram só palpites!!!!!...

PINGOS DE LISBOA

.
.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

PROFETA DO APOCALIPSE CAÍDO EM DESGRAÇA?


Rajendra Kumar Pachauri é engenheiro industrial, director do The Energy and Resources Institute (TERI) em Nova Deli e presidente do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) da ONU desde 2002. Em 2007 representou o IPCC na cerimónia de entrega do Prémio Nobel da Paz, atribuído ao painel e a Al Gore. Tem-se destacado como tenor no coro de catastrofistas do aquecimento global.
Agora está sob uma barragem de fogo. Primeiro, porque se concluiu que algumas previsões preocupantes divulgadas pelo IPCC não têm fundamento científico. Depois porque se soube que tem recebido boa maquia como consultor da Toyota Motor Corp. e do Deutsche Bank, maquia alegadamente entregue ao TERI.
Pedem a sua demissão do lugar na ONU, mas Pachauri não desarma. A imprensa britânica não acredita nele e não lhe dá descanso.

.

.
.

O AUTOMOBILISTA “FEITO AO BIFE”

.
Vinte e oito por cento da energia utilizada nos Estados Unidos é dedicada ao transporte de pessoas e bens. Pensar-se-á que a maior parte diz respeito a aviões, comboios e camiões, mas pensa-se mal. Estes sectores consomem 9% nos aviões e 3% em comboios e camiões. Sobra uma pequena percentagem para coisas como a navegação na água e os pipelines, sendo a fatia de leão para o transporte individual: 60%!
É obra!!...
Os Estados Unidos, com menos de 5% da população mundial, têm um terço dos automóveis do planeta. Em 2007, automóveis, motociclos, camiões e autocarros viajaram cerca de 3 biliões de milhas (quase 5 biliões de quilómetros), o equivalente a ir ao Sol e vir 13,440 vezes. Nos próximos 20 anos, estima-se que a distância percorrida cresça 40%, aumentando, naturalmente, o consumo de combustível. Oitenta e seis por cento da energia deste sector é obtida por combustão de gasolina e gasóleo, dois terços dos quais são importados.
É uma camisa de onze varas. Para sair dela, encaram-se várias hipóteses, nenhuma muito excitante: biocombustíveis, veículos híbridos eléctricos, células de hidrogénio, óleos de xisto e de areias betuminosas, e outras pessegadas assim. A conversão de carvão em combustível líquido pode substituir 3 milhões de barris de petróleo por dia em 2030, mas exige 50% de aumento da extracção de carvão, o que faz náuseas só de pensar nisso.

O panorama é dos Estados Unidos, dizemos. Dizemos mas não devíamos dizer, porque o nosso é pior. Temos hábitos semelhantes e nem sequer dispomos dos recursos naturais, científicos, técnicos e organizacionais que eles têm. Vivemos de recursos importados, ciência importada, tecnologia importada e não organizamos coisa nenhuma. Na melhor das hipóteses, podemos exportar alguma desorganização.

.

.
.

FITNESS, DARWIN E MAUBERES


Fitness significa capacidade de sobreviver, de enfrentar dificuldades, de ser capaz de vencer. Conceito central na teoria de Darwin (sempre ele!), porque a selecção natural é feita na base do fitness dos exemplares de cada espécie, foi inteligentemente aproveitado pelos modernos centros de cultura física para se promoverem. E devo dizer, por experiência própria, que funciona. Tornei-me frequentador assíduo de um ginásio, na tentativa de adiar o veredicto da selecção natural que elimina os destituídos de fitness.
As imagens mostram um ginásio - por acaso o meu - o convívio de alguns companheiros no jantar do Natal, e um antigo "combatente" de Timor, como eu, o Fernando, mais conhecido por Maubere.

.
.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O COSMOS EM IMAGENS

.. As imagens do Cosmos são impressionantes. Todas o são mas nos últimos anos, com a colaboração do Hubble, fica-se com o maxilar caído. Veja um bonito slide show do New York Times, com explicações, clicando aqui, ou na figura.

SER PORTUGUÊS

Manuela Ferreira Leite deu uma conferência de imprensa para opinar sobre o Orçamento do Estado. O evento foi noticiado nos jornais e, a propósito, um leitor comentou e contou a seguinte história:

Inventaram uma máquina anti-ladrão! Nos EUA, em 5 minutos apanhou 100 ladrões!! Na China, em 5 minutos apanhou 500 ladrões !!! Veio para Portugal e em 2 minutos ROUBARAM a máquina !!!!

A JANELA NA PINTURA

.
.



.
As janelas são um tema recorrente na pintura e não estou só a pensar em Maluda. Uma das maiores surpresas com janelas é o quadro de Salvador Dali "Pessoa à Janela".

UM CONTO PROIBIDO




[...] Contudo, se é evidente para muitos, mesmo muitos socialistas, que foi o discurso de Zenha que desencadeou a ruptura com o PC, não é ainda claro para a grande maioria que a mudança de Mário Soares só teria lugar após os incidentes do 1.º de Maio, no estádio com o mesmo nome. Foi a sua “vaidade” ferida, ao não o deixarem entrar na tribuna daquele estádio, impedindo-o de estar ao lado de Costa Gomes, Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal, para onde este se dirigira, que precipitou a sua ruptura com o PC. Até então, como comprova todo o seu comportamento até àquela data, Henry Kissinger tinha razão em o considerar o “Kerensky” português. Durante os últimos doze meses alimentara esperanças em relação ao Programa Comum com o PC, que só não se concretizara porque os comunistas não o quiseram a seu lado. “A falta deve-se exclusivamente aos comunistas” (1).
Se não tivesse ocorrido tal incidente e Soares, despeitado, não passasse também ao ataque, que viria a ter como pano de fundo o conhecido slogan – “Soares e Zenha não há quem os detenha” – é provável que ainda em 1975 tivesse ocorrido uma cisão no seio do próprio Partido Socialista, com o afastamento do secretário-geral. A tal não acontecer, dada a lealdade demonstrada por Salgado Zenha, o resultado teria sido, pelo menos, a transferência do apoio americano para Sá Carneiro, que atrairia a si grande parte do movimento socialista. E, por essa via, o reconhecimento do seu partido pela Internacional Socialista.
[...]

(1) Mário Soares, Que Revolução? p. 93

O texto transcrito está na página 83 do misterioso livro de Rui Mateus intitulado Contos Proibidos – Memórias de um PS Desconhecido, que se volatilizou como por magia: Viva a ética republicana e a liberdade de expressão!

PINGOS DE LISBOA

.
.

TELEVISÃO DE QUALIDADE

O programa "60 Minutos" da SIC Notícias é uma das excepções no panorama de mediocridade da TV nacional e internacional. Meio de estupidificação em massa em Portugal e no estrangeiro, de lavagem ao cérebro colectiva, autêntico estímulo de Pavlov, na TV salvam-se alguns momentos - raros - de programação. O "60 minutes" da CBS News, apresentado por Mário Crespo, é uma das poucas coisas da caixa que mudou o mundo a justificar uma pausa na assistência aos jogos de futebol das ligas europeias!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

GRANDES DOCUMENTOS DA CARTOGRAFIA

.
.

O mapa-múndi de 1507 de Martin Waldseemüller foi o primeiro mapa a descrever um hemisfério ocidental distinto, tendo o Pacífico como um oceano separado. O mapa evoluiu de um ambicioso projeto em St. Dié, França, durante o início da década de 1500, para documentar e actualizar novos conhecimentos geográficos derivados das explorações portuguesas e espanholas do final do século XV e início do século XVI. O mapa de Waldseemüller foi o produto mais interessante desse empreendimento de pesquisa. Baseava-se em dados reunidos durante as viagens de Américo Vespúcio ao Novo Mundo entre 1501-02. Em reconhecimento à constatação de Vespúcio de que um novo continente fora descoberto, Waldseemüller batizou as novas terras de "América."Esta é a única cópia existente, de que se tem conhecimento, da primeira edição do mapa, da qual acredita-se terem sido impressos 1.000 exemplares. Mostrando as recém-descobertas extensões de terras americanas, o mapa representou um enorme avanço no conhecimento - o que mudou para sempre a compreensão europeia de um mundo anteriormente dividido em apenas três regiões: Europa, Ásia e África.

Fonte: Biblioteca Digital Mundial

.

.
.

O QUE FAZ FALTA É ANIMAR A MALTA

A importância do aquecimento global tem sido exagerada por alguns cientistas e é urgente a divulgação honesta da incerteza das previsões sobre as alterações climáticas, disse hoje ao The Times o Prof . John Beddington, principal assessor científico do governo britânico.
Acrescentou que os climatologistas deviam ser menos hostis com os cépticos que questionam o aquecimento antropogénico e condenou a recusa dos cientistas de publicar os dados que suportam os seus trabalhos, acrescentando: os cépticos têm razão nalgumas discussões acaloradas ocorridas até agora. Não penso que seja saudável refutar o cepticismo; a Ciência cresce e melhora à luz do cepticismo.

A propósito, o jornal recorda o Prof. Phil Jones, director da University of East Anglia’s Climatic Research Unit, que foi demitido depois do escândalo levantado pela intercepção de correio electrónico trocado entre ele e outros colegas. Em resposta a uma pergunta, este Prof. Phil Jones disse: Temos 25 anos, ou isso, investidos neste trabalho. Porque havíamos de dar conhecimento público dos dados a quem tem por objectivo encontrar qualquer coisa errada?
Isto é, de todo, o mais rasca em matéria de Ciência - digo eu. Pois este senhor é um dos responsáveis pelo relatório do IPCC (Painel Internacional para as Alterações Climáticas da ONU) que serviu de base para a reunião de Copenhague! Ele e Rajendra Pachauri, presidente do IPCC e par de Prémio Nobel com Al Gore.

.


PAPA-BTU É O QUE NÓS SOMOS!

Em 12 de Março de 2008, o preço do barril de petróleo ultrapassou os 110 dólares pela primeira vez na História. No dia seguinte, mais de 800 pessoas reuniram-se na sede da National Academy of Sciences americana e através da Internet para uma cimeira de dois dias intitulada National Academies Summit on America’s Energy Future. As actas dessa reunião foram publicadas no mesmo ano em livro com o título America’s Energy Future. Tem tal livro informação espantosa de fontes completamente fidedignas e traduz a preocupação da América em relação ao problema energético.
Os Estados Unidos são o maior consumidor de petróleo do planeta e apenas o terceiro produtor. As perspectivas são do consumo aumentar no futuro. O problema é que as reservas estão a diminuir e o resto do mundo está a entrar na corrida de forma assustadora. Da extracção actual de 86 milhões de barris diariamente (!!!) prevê-se chegar aos 118 milhões em 2030. Considerando a curva descendente na produção de algumas jazidas, será preciso descobrir o equivalente a nove Arábias Sauditas até lá. Não é tarefa fácil!
Perguntar-se-á o que acontece, entretanto, com as energias alternativas, uma vez que podem ser a solução para o problema. As energias alternativas também crescem, mas o carvão, o petróleo e o gás natural continuarão a ser indispensáveis para satisfazer as necessidades. É que o consumo global foi de 288 mil biliões de Btu (British thermal unit, equivalente a 1,06 kilojoules) em 1980, 445 mil biliões de Btu em 2004, e será de quase 700 mil biliões em 2030. Tal acréscimo só pode ser alcançado com todas as fontes a mata-cavalos (ver a figura).
É claro que assim não se vai a parte nenhuma e o caminho certo passa por diminuir as necessidades através do aumento da eficiência do consumo.
Os edifícios na América do Norte consomem 39% da energia primária e 72% da electricidade produzida. É tecnicamente possível, mediante a aprovação de legislação adequada, reduzir o consumo de electricidade em 1,2% e o de gás natural em 0,5%. Se se associarem outras técnicas relacionadas com a construção, climatização, iluminação, serviço de ascensores, etc., pode consumir-se 50% apenas do que o edifício gasta nas actuais condições.

Resultados equivalentes aplicam-se à indústria e aos transportes. Naturalmente que custa dinheiro e implica abdicar de hábitos - maus hábitos diria. Mas o melhor é fazê-lo de iniciativa própria e a tempo. Tarde, por imposição das circunstâncias, vai custar mais.

.

.
.

ACORDO ORTOGRÁFICO

O Acordo Ortográfico é uma pedra no sapato de muitos portugueses, Vasco Graça Moura incluído, representante honorífico dos críticos de tal Acordo. Do outro lado da barricada está o Prof. Malaca Casteleiro, pessoa que muito respeito por ser o grande obreiro da conclusão do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa.
É difícil tomar partido nesta disputa. A ortografia sempre evoluiu e há muito deixámos de escrever pharmácia, parocho, ou Hespanha. Mas as alterações introduzidas devem ter um motivo forte porque têm custos materiais e funcionais muito elevados. A leitura não se faz letra a letra, ou sílaba a sílaba – penso eu – mas sim pelo aspecto gráfico da representação dos fonemas. E mudar esse aspecto encrava um nadinha a rapidez da leitura e distrai; pelo menos durante tempo mais ou menos longo, pois representa uma parte da aprendizagem da leitura.
Posto isto, era bom conhecer quais as razões para a entrada em vigor do Acordo. Diz-se que o Português sai fortalecido por ter uma única versão no mundo. Acredito que sim, como é evidente. Mas quem beneficia mais com isso? Não é Portugal, cuja língua é língua oficial da União Europeia. E isso é argumento muito forte para opor aos que dizem ser o Português do Brasil falado por quase duas centenas de milhões de almas. Porque falo disto?
Falo porque nesta perspectiva a quantidade de cedências de cada lado deve ser proporcional às vantagens adquiridas; e o Brasil cedeu muito menos que Portugal no número e qualidade das alterações introduzidas. Sei que se pode fazer uma contabilidade disto favorável a Portugal, mas é uma contabilidade falaciosa porque toma em conta apenas aspectos aritméticos, sem considerar o valor qualitativo das alterações.
Desta vez, não se altera a pronúncia das palavras, mas temo que na próxima o mesmo já não aconteça, dada a tendência de Portugal para ceder nestas coisas. Chegaremos ao ponto de oussê ter de viajá ao Braziu acompanhado da sinhóra Antônia p'ra entendê aquela genti!

Lembrei-me do Acordo porque os charadistas constituiram agora nova frente de contestação. É que nesta fase de indefinição sobre a entrada em vigor, não sabem como elaborar "palavras cruzadas", "sopa de letras" e coisas assim. Efectivamente, profissional de teatro com cinco letras pode ser actor ou atriz, por exemplo. Uma trapalhada!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

ESTA LISBOA D'OUTRAS ERAS


Inauguração do Marquês de Pombal - 1934

A INCAPACIDADE DO LULU E DO TARECO



Darwin, já aqui citado ene vezes, considerava as espécies actuais descendentes de antecessores diferentes que se haviam modificado por processos de selecção condicionados pelo meio ambiente. Admitia três formas de selecção: a natural, a artificial e a sexual.
Da primeira já falámos demais. Resulta do apuramento da espécie através da multiplicação dos exemplares mais preparados para enfrentar o ambiente e da extinção gradual dos menos preparados.
A selecção artificial é induzida pela acção do homem, ao promover a multiplicação de plantas e animais que lhe são úteis para a alimentação, para o trabalho, ou como companheiros. Para Darwin esta era uma variante de selecção natural sem a importância que lhe é atribuída hoje, porque vivemos na era de engenharia genética e dos alimentos transgénicos.
Finalmente, a selecção sexual é a que resulta de factores que intervêm no acasalamento, quando a reprodução é sexuada. Depende da atracção que o macho exerce sobre as fêmeas, da sua capacidade de concorrer com os outros machos na conquista da parceira sexual, e da preferência das fêmeas por este ou aquele tipo de cara-metade.
A selecção artificial, por ser aquela que produz efeitos mais rapidamente visíveis, podendo fazê-lo no espaço de uma ou duas gerações, é a que mais fascina os estudiosos da evolução. E também porque compreende um fenómeno particularmente grato ao homem que é o ser domesticado. Esclareça-se que domesticar não é domar, que se aplica a um exemplar único da espécie. A qualidade de domado morre com o ser porque não tem substrato genético e não é transmitida à descendência. A qualidade de domesticado tem formatação genética e é herdada.
A história dos seres domesticados é matéria das mais interessantes da Biologia. No princípio, era o mundo dos seres exclusivamente selvagens. Depois, surgiram os que conviviam mediocremente com o homem por motivos os mais estranhos e variados possível – desde a caça ao rato nos celeiros, até à companhia nas longas horas de isolamento. A seguir, foram escolhidos por este os que se revelavam mais úteis, por uma razão ou outra. Por fim, multiplicaram-se exponencialmente padrões morfo-comportamentais de domesticidade que provavelmente correspondem a uma minoria antecessora já extinta há muito tempo, não fosse a mão do homem a ampará-la e a apaparicá-la.
A verdade é que essas formas ou variedades domésticas mantêm o genotipo próprio dos antecessores selvagens, quando estes ainda existem. É possível cruzarem-se e procriarem em conjunto, por exemplo. Mas do ponto de vista fenotípico, que é a forma como se exprime o património genético ou genotipo, são completamente diferentes. Tão diferentes que os domésticos já teriam desaparecido, tão incapazes de fazer pela vida se tornaram. É o gato que não caça ratos, o cão que ladra e não morde, o boi que não marra no dono quando é picado, ou o periquito que morre de fome se é abandonado por quem o mantém no cativeiro da gaiola. Criámos uma boa série de seres biologicamente inferiores, sim senhor!...

THOMAS ANNAN

.
.
Glasgow, 1868 - Perto do n.º 80 da High Street

AINDA OS MITOS ENGRIPADOS



Catorze deputados da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, encabeçados pelo próprio presidente da subcomissão de Saúde da Assembleia Parlamentar, apresentaram à Assembleia uma moção para discussão intitulada "Falsas pandemias: uma ameaça para a saúde", onde se lê, entre outras coisas: "Para promover os seus medicamentos e as suas vacinas contra a gripe, as sociedades farmacêuticas influenciaram os cientistas e as autoridades responsáveis por normas de saúde pública, a fim de que alertassem os governos do Planeta". E acrescenta: "...incitaram-nos a desperdiçar recursos - já pouco abundantes - destinados aos cuidados de saúde em favor de estratégias de vacinação ineficazes, expondo inutilmente milhões de pessoas com boa saúde ao risco de efeitos secundários desconhecidos de vacinas que não estavam suficientemente testadas"...
Francisco George, Director Geral da Saúde, contra quem não me move nenhuma animosidade, antes pelo contrário, diz a este respeito: "É preciso salientar que este processo ainda não terminou e ainda é cedo para se fazer um balanço". Não é o caso, mas Francisco George dá a sensação de ainda esperar ver as coisas a estragarem-se para demonstrar que tinha razão e todo o folclore da gripe A, incluindo vacinações em directo pela televisão, bem como o esbanjamento de milhões de euros, foram justificados.

HIS MAJESTY SHIPS

.
. Vancouver

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

EÇA, UMA PEÇA, VÁRIOS PROTAGONISTAS



Eça de Queirós foi um dos maiores génios, se não o maior, da literatura portuguesa. À visão superior do mundo, aliava o mais brilhante estilo a que não se pode ficar insensível. Os seus melhores textos são as crónicas, sem dúvida - Correspondência de Fradique Mendes e Cartas de Inglaterra no topo. O excerto transcrito a seguir é do segundo livro e descreve um daqueles retratos de feira onde os clientes metem a cabeça e são fotografados todos no mesmo cenário - figurantes diferentes, sempre a mesma peça. Primeiro com ingleses; depois americanos mais meio mundo; o mundo todo no próximo episódio.

Os ingleses estão experimentando, no seu atribulado império da Índia,a verdade desse humorístico lugar comum do sec. XVIII: 'A História é uma velhota que se repete sem cessar'.
O Fado e a Providência, ou a Entidade qualquer que lá de cima dirigiu os episódios da campanha do Afeganistão em 1847, está fazendo simplesmente uma cópia servil, revelando assim uma imaginação exausta.
Em 1847 os ingleses, "por uma Razão de Estado, uma necessidade de fronteiras científicas, a segurança do império, uma barreira ao domínio russo da Ásia..." e outras coisas vagas que os políticos da Índia rosnam sombriamente, retorcendo os bigodes - invadem o Afeganistão, e aí vão aniquilando tribos seculares, desmantelando vilas, assolando searas e vinhas: apossam-se, por fim, da santa cidade de Cabul; sacodem do serralho um velho emir apavorado; colocam lá outro de raça mais submissa, que já trazem preparado nas bagagens, com escravas e tapetes; e, logo que os correspondentes dos jornais têm telegrafado a vitória, o exército, acampado à beira dos arroios e nos vergéis de Cabul, desaperta o correame, e fuma o cachimbo da paz... Assim é exactamente em 1880.
[...]


Para ler a crónica completa, clique aqui.

.

.
.

ENCONTRO DA ECOLOGIA PROFUNDA COM O TERCEIRO MUNDO



Há um movimento em curso nos Estados Unidos que os ambientalistas chamam Ecologia Profunda. Em resumo, o seu princípio básico é que todos as coisas vivas têm direito a existir – que os seres humanos não podem conduzir outras criaturas à extinção, ou comportar-se como Deus, decidindo quais as espécies que nos servem, e devem portanto ser autorizadas a viver. A Ecologia Profunda rejeita o ponto de vista antropocêntrico de que a humanidade é o fulcro do que tem valor e de que os outros seres o têm apenas em função do modo como nos servem. Diz, ao contrário, que todos os seres têm valor inerente – animais, plantas, bactérias, vírus – e que os animais não são mais importantes que as plantas e os mamíferos não têm mais valor que os insectos. É semelhante a muitas religiões orientais, ao sustentar que tudo o que é vivo é sagrado. Como conservacionista, sou atraído pelo espírito da filosofia da Ecologia Profunda. Tal como os budistas, os taoístas e os defensores do movimento “Terra Primeiro!”, também acredito que todos os seres vivos são sagrados. Quando actividades humanas conduzem uma das nossas espécies companheiras à extinção, considero que atraiçoámos a nossa obrigação de proteger toda a vida no único planeta que temos.
Onde entro em conflito com a filosofia da Ecologia Profunda é em lugares como a América Central rural ou na fronteira agrícola da Amazónia Equatorial – lugares onde os próprios seres humanos vivem no limite da sobrevivência. Nunca tentei dizer a um agricultor latino-americano que não tem o direito de queimar a floresta para cultivar a terra porque as árvores e a vida selvagem têm tanto valor inerente como ele e os seus filhos. Como antropologista e pai, não estou preparado para fazer tal trabalho. Podem chamar a isto o dilema da Ecologia Profunda face ao mundo em desenvolvimento.
O dilema é de certo modo mitigado pelo conhecimento de que o agricultor no mundo em desenvolvimento provavelmente aprecia o valor da floresta e da vida selvagem muito mais que nós, na sociedade dos fornos de microondas, aviões, e dinheiro de plástico. O agricultor do Terceiro Mundo reconhece a sua dependência da diversidade biológica porque tal dependência é muitíssimo visível. Sabe que a vida dele depende dos organismos vivos que o rodeiam. Da diversidade biológica que forma o seu ambiente natural, tira a fruta; animais selvagens como fonte de proteínas; fibras para o vestuário e cordas; incenso para cerimónias religiosas; insecticidas naturais; venenos de peixes; madeira para fazer casas, mobílias e canoas; e plantas medicinais para tratar dores de dentes e mordeduras de cobra.

Há povos indígenas nalgumas partes do mundo com um apreço pela diversidade biológica que envergonham os nossos conservacionistas teóricos. [...]

Este é o início do Capítulo 8 de um livro chamado Biodiversity, cuja capa se vê ao lado. É um texto curiosíssimo, como é, aliás, todo o livro. Ao lê-lo, comprendemos melhor que a conversa da conservação da biodiversidade não é tão exagerada e negligenciável como muitas vezes pensamos.
Os interessados chegam ao texto original completo do capítulo NESTE LINK .

PINGOS DE LISBOA