É a sociedade reciclável? No sentido em que pode ser transformada como os jornais velhos são convertidos em papel para imprimir novos textos? Em minha opinião, não. Essa não era, contudo, a de Gilbert Chesterton que assim escreveu:
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis. Eis uma metáfora pela qual os modernos são apaixonados; sempre dizem: «Não se pode atrasar o pêndulo». A resposta é clara e simples: «Pode-se sim». Um pêndulo, que é um objecto construído pelo homem, pode ser modificado por um dedo humano a qualquer hora. Assim, a sociedade, que é um objecto de construção humana, pode ser reconstituído sob qualquer forma já experimentada.
O pêndulo de Chesterton obedece às leis da Física de forma imutável. Sobre ele, a mesma causa produz o mesmo efeito, hoje, amanhã, e depois. A sociedade, pelo contrário, é parte do universo evolutivo onde não cabem pêndulos regidos sempre pelas mesmas leis, da mesma maneira. As leis da sociedade têm efeitos distintos em épocas distintas porque incidem sobre objectos diferentes. A sociedade não é hoje o que era ontem e não será também a mesma amanhã. Não pode ser recontituída como queria Chesterton. Não sei se felizmente, se infelizmente. Mas não pode.
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