.
[...] O Partido Comunista da China era, em vida da URSS,
um parente de quem o PCP activamente se envergonhava. Mas família é família e
os laços de sangue acabam por falar mais forte, sobretudo em situações de
orfandade. O PCP tem feito tudo para preservar as relações
"fraternais" com o PCC, esticando além dos limites do tolerável o
conceito de "assuntos internos" (para não falar do de "construção
do socialismo") e apoiando acriticamente na China o capitalismo selvagem e
sem regras que condena em Portugal.
Pensar-se-ia que os rasgados elogios agora feitos pelo
vice-primeiro-ministro, Li Keqiang e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros,
Yang Jiechi, à política de austeridade em Portugal e ao "exemplar
cumprimento" pelo governo português daquilo que o PCP justificadamente
chama "pacto de agressão" merecessem algum comentário, mesmo que
tímido, do PCP.
Não mereceram. Nem isso nem as relações bilaterais
recentemente formalizadas entre PCC e CDS/PP. Trata-se de relações mais
saudáveis e transparentes do que as fundadas numa oportunística consanguinidade
ideológica. Ao menos CDS e PCC defendem a mesma coisa, independentemente das
latitudes.
Manuel António Pina in "Jornal de Notícias"
...
Sem comentários:
Enviar um comentário